Educação
Nota 20: Catarina Viegas e a vocação pelas Ciências
De modo a prosseguir o seu percurso pelas Ciências, acompanhada de uma média de 20 valores, Catarina Viegas optou por ingressar este ano letivo em Bioengenharia, curso que se divide entre a Faculdade de Engenharia e o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Num diálogo com o JUP, Catarina menciona não só a importância da gestão de tempo e dos tempos livres, como também as expectativas que tem para os próximos três anos.
1.Entre tantas universidades, o que te levou a colocar a Universidade do Porto na tua primeira opção?
Sempre gostei da cidade do Porto, por ser um destino tão diferente de Viseu (onde moro), mas tão próximo. Também foram fatores importantes o prestígio mundial da Universidade do Porto e a diversidade de ofertas complementares que a Universidade propõe.
2. Com todos os cursos que a UP oferece à tua disposição, o que te fez optar por Bioengenharia? De que forma é que este curso se alinha contigo?
Aquilo que me fez optar por Bioengenharia foi a sua oferta formativa, especificamente a diversidade de ciências incluídas no plano curricular. A verdade é que ainda não tenho uma grande certeza ou clareza em relação ao meu futuro, o que me levou a basear a minha escolha nas unidades curriculares de cada curso, e não apenas nas saídas profissionais. Desta forma, procurei um curso que englobasse a Biologia, a Química e a Matemática, entre outras áreas.
3.Ingressar no ensino superior foi sempre um objetivo para ti? Sentiste alguma pressão para tal ou foi uma decisão pessoal?
Não posso dizer que tenha sido um sonho desde criança ingressar no ensino superior. Por outro lado, também não fui minimamente pressionada a seguir este caminho. Para mim, continuar os meus estudos numa universidade sempre surgiu como algo natural. Acredito que ainda tenho muitas experiências para viver e muito conhecimento para adquirir, e que ainda tenho um longo caminho a percorrer antes de entrar no mercado de trabalho.
4.Quais achas que terão sido os ingredientes para o teu sucesso académico no ensino básico e secundário?
O mais importante para mim foi saber gerir o tempo e ser produtiva durante o mesmo. Os adultos estão sempre a dizer que “há tempo para tudo” e, para nós jovens, isso é algo difícil de perceber, mas a verdade é que eles têm muita razão. Apenas é necessário saber geri-lo, saber bem o que temos de fazer, e quando o vamos fazer. Por essa razão, também foi extremamente importante para mim organizar e planear o meu estudo e mesmo as semanas. E não posso deixar de referir a importância das atividades extracurriculares, que sempre foram um refúgio para mim, um sítio onde as preocupações desapareciam e onde podia tirar a cabeça dos estudos e estar focada na minha prestação no desporto.
“Todos os dias é necessário fazer pequenos sacrifícios, mas estes são insignificantes quando comparados a tudo aquilo que advém do nosso esforço e trabalho.”
5.Sempre te foi fácil conciliar os tempos livres com a vida académica? Tiveste de abdicar de algo ou fazer algum sacrifício?
Não posso dizer que tenha sido muito difícil, pois é algo que tenho feito desde pequena e, portanto, sempre me surgiu como algo natural. Claro que em algumas alturas é mais difícil, mas é precisamente nessas alturas que é mais importante conseguir conciliar tudo, ao invés de abdicar de alguma atividade ou plano. Desde pequena, os meus pais nunca me deixaram faltar a nenhuma atividade extracurricular na véspera de testes ou apresentações, o que fez com que eu aprendesse a conciliar os tempos livres com a vida académica. Quanto aos sacrifícios, todos os dias é necessário fazer pequenos sacrifícios, mas estes são insignificantes quando comparados a tudo aquilo que advém do nosso esforço e trabalho.
6.Quais são os teus objetivos neste novo percurso? Quais são os maiores receios?
Nos próximos três anos, espero crescer de todas as formas possíveis. Vou tentar fazer um aproveitamento máximo da oferta formativa da licenciatura, mas também desfrutar de tudo aquilo que a vida académica tem para oferecer, tanto a nível social, como pessoal. Para além disso, espero conseguir participar em vários projetos, de forma a desenvolver as capacidades transversais que cada vez são mais necessárias.
Quanto aos maiores receios, creio que o mais difícil será adaptar-me à minha própria independência, à distância que me separará da minha família e pessoas próximas. Esta é uma etapa desafiante, mas é apenas o primeiro passo do resto das nossas vidas.
7.O que consideras que deve ser melhorado no ensino em Portugal?
No mercado de trabalho, cada vez mais se valorizam atitudes e valores, ao invés de estudos e diplomas. Por isso, atualmente é essencial ser-se uma pessoa autónoma, com capacidade de iniciativa, com diversas experiências de vida e participação em vários projetos. Por essa razão, acredito que as escolas devem começar a valorizar mais as diferentes facetas de um aluno, em vez de apenas considerar os seus resultados escolares e o seu valor numérico.
8.Já pensaste qual pode ser o passo a seguir depois de acabar o curso?
Ainda não sei ao certo, mas talvez tirar um mestrado, ou inscrever-me em algum tipo de projeto de investigação. Gostava de o fazer noutro país, mas creio que ainda seja cedo para pensar nisso.
“Há sempre espaço para melhorar e é assim que se constrói o caminho para o sucesso.”
9.Que conselhos darias aos estudantes do ensino secundário para que a média de entrada não seja um impedimento para continuarem os seus estudos no curso que mais desejam?
Acho que o melhor conselho que posso dar é nunca ficarem satisfeitos, procurar sempre mais na vida. Quer seja nos resultados escolares, na envolvência em projetos transversais, ou na prestação num desporto ou atividade extracurricular, há sempre espaço para melhorar e é assim que se constrói o caminho para o sucesso. Outros aspetos extremamente importantes são a persistência, a gestão do tempo e a produtividade, mas a vontade e a disciplina são a principal razão de qualquer conquista.
Artigo e entrevista por: Roselimar Azevedo
Editado por: Ana Pinto e Joana Monteiro