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Crónica

AS PESSOAS SÃO DE ALGODÃO DOCE

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Para quem não se encontra familiarizado, o algodão doce é aquela espécie de nuvem rosa, fofa e sensível, mas se lhe adicionarmos uma pequena labareda, provoca uma grande chama.

Nos dias de hoje, com tantos problemas deveras sérios, que não têm a devida atenção, como recentemente se observou na abstenção para as europeias, impressiona a quantidade de pessoas que se focam nos “problemazinhos” do quotidiano, transformando os mesmos em verdadeiros dramas novelísticos.

Onde ver tamanho espetáculo incendiário? Num dos maiores palcos do mundo: as redes sociais. Com a liberdade de expressão, a completa ausência de responsabilidade ou vergonha pelo que é dito, estes indivíduos de algodão doce explodem contra qualquer opinião menos concordante, expressão mais infeliz, comentário retirado de qualquer contexto, entre outros.

Pode-se imaginar Ricardo Araújo Pereira, Nuno Markl ou Luís Franco Bastos a fazer uma piada, que fosse menos socialmente aceitável sobre cores de pele, mulheres ou cães e estas pessoas sensíveis e prontas a arder vão fazer de uma simples e suposta má piada notícia e razão para chamar todos os nomes ofensivos que contam do dicionário português, acusando-os de serem machistas, racistas ou adoradores de gatos que, das 3 hipóteses, é obviamente a pior.

Outro exemplo da explosão eufórica e irracional destas “fofuras”, foi a revolta que estas demonstraram para com o fim da famosa série “Guerra dos Tronos”. O último episódio é mau? Eu penso que sim, no entanto, os responsáveis por este mau episódio são os mesmos responsáveis por toda uma série, que pode muito bem ser considerada a melhor até ao momento. Há imensos fãs que gostaram do episódio, pelo que criar ou participar numa petição para escrever novo episódio ou comentar revoltosamente contra o mesmo nas redes sociais parece apenas total ausência de bom senso e demasiado tempo livre na vida destes algodões.

Todo este problema de exagero reacionário e desejo de forçar a sua vontade destas pessoas fofas e sensíveis baseia-se na lacuna total de dois conceitos muito importantes, ponderação e bom senso. Devido à sua incapacidade de pensar e respirar calmamente, deixo um conselho: antes de comentar, vá até à casa de banho, sente-se, pense um pouco sobre o que o incomoda, faça um número 2 e por fim um sudoku ou ouça o “Homem que Mordeu o Cão”. Se no fim deste tempo ainda se conseguir focar na vontade de comentar e não nas pernas dormentes, então comente de forma responsável e educada, qualquer que seja a sua opinião.