Política
Eleições EUA: Máquina eleitoral americana
Na sua forma pura, o sistema político norte-americano corresponde ao ao sistema de governo presidencialista, sistema por sua vez dualista na medida em que existem dois órgãos de poder ativo: o Presidente e o Congresso. Há, portanto, uma concomitante existência, entre estes dois, de uma relação de equilíbrio, marcada por um complexo sistema de pesos e contrapesos (os célebres “checks and balances”), com o objetivo de evitar que o papel de propulsor que o Presidente desempenha corra o risco de degenerar num sistema autoritário de concentração de poderes (2ªsecção do artigo 2º da Constituição dos EU).
A cada 4 anos, são os americanos que, embora não obrigados, são chamados a votar, direta ou indiretamente, nas eleições presidenciais, estas fruto de um longo e complexo caminho de luta política. Mas antes que qualquer campanha comece, os partidários que desejam ocupar o tão almejado cargo necessitam de realizar todo um trabalho preparatório, principalmente no que concerne a financiamentos. Têm depois de vencerem as primárias (ou prévias), que funcionam como uma campanha eleitoral comum, em que o vencedor concorrerá então nas eleições gerais. Nestas últimas, alguns estados têm maior relevância do que outros, sendo importante sublinhar o facto de que cada um dos 50 Estados supervisiona as suas próprias eleições individuais.
Nos EUA, o voto é indireto, ou seja, o povo americano escolhe as pessoas que irão votar em seu nome (representantes, formalmente delegados). Realizam-se num determinado dia, que, pela sua importância, se denomina super-terça (“Super-Tuesday”). O número de delegados é proporcional à população de cada estado.
Uma das duas modalidades são os caucases, uma espécie de assembleias de votos, mais comuns nos estados mais pequenos, nas quais se realizam reuniões para discutir e debater todas as opções, havendo no final uma votação, normalmente de braço no ar.
A segunda modalidade corresponde às primárias, votações semelhantes às eleições gerais, e que podem ser:
a) abertas, quando qualquer pessoa vota no candidato preferido, seja democrata ou republicano;
b) semiabertas, quando apenas podem votar nas listas de cada partido os filiados desse partido e os registados como independentes;
c) fechadas, quando apenas podem votar no candidato de determinado partido os eleitores registados nesse partido.
Existe ainda o modelo winner takes all, na qual o vencedor arrebata todos os delegados que esse Estado proporciona.
Uma vez escolhidos os delegados aptos a serem os preferidos na reunião da cidade, e depois do Estado, têm lugar as convenções nacionais, onde são apresentados os candidatos que concorrerão às eleições finais por cada partido.
Chegados a este ponto, é importante sublinhar que as máquinas que contam os votos têm um selo inviolável e os funcionários de cada local de votação (“polling station”) inspecionam-nos antes de serem usados. Para além disso, as urnas eletrónicas não estão conectadas à Internet, pelo que é impossível invadir o sistema.
Só depois começa então a corrida presidencial, incluindo os 3 debates, até que o tão esperado dia chega e os delegados eleitos pelo povo para constituir o colégio eleitoral nomeiam, por sua vez, o próximo presidente dos EUA, sendo eleito aquele em quem votou o maior número de delegados.
Demonstra-se, portanto, urgente o combate ao contemporâneo problema do abstencionismo, na sua forma negligente, alertando as camadas mais jovens da sociedade atual (o nosso futuro) da importância de contribuírem com o seu voto, dada a distância que existe entre o eleitorado e a própria máquina eleitoral americana.
Artigo da autoria de Olívia Almeida. Revisto por Marco Matos e José Milheiro