Sociedade
“Prisão e tortura”: familiares de jogadores do Irão na Copa estão a ser ameaçados pelo governo
Uma fonte anónima afirmou ao canal americano que os jogadores de Irão teriam sido chamados para falar com a IRGC (Guarda Revolucionária Iraniana), após não terem cantado o hino antes do jogo contra a Inglaterra. A IRGC é a força de elite do líder supremo de Irão, o ayatollah Ali Khamenei. A fonte anónima em causa encontrava-se envolvida na segurança dos jogos a decorrer na copa.
A mesma fonte garante, ainda, que “Há um grande número de agentes de segurança iranianos no Qatar que recolhem informações e controlam os intervenientes.” Os atletas da equipa não tiveram permissão para se reunir com outras pessoas durante o evento desportivo.
Assegura que a equipa teria sido oferecida “presentes e carros” para não mostrar descontento com o regime antes do jogo com a Inglaterra, mas depois do ato de rebelião dos jogadores no momento do hino, o governo teria mudado de estratégia. O IRGC teria dito aos atletas, antes do jogo entre o Irão e os Estados Unidos, que as suas famílias enfrentariam “tortura e violência” caso os jogadores fizessem qualquer ato de protesta contra o Governo iraniano.
O regime, além de controlar as ações dos jogadores, também teria contratado atores para atuar como fãs nos jogos de Irão na copa. A fonte do CNN relatou que “No jogo contra Gales, (o governo) enviou centenas de adeptos falsos para criar a ideia de apoio. Para o jogo contra os EUA, o regime teria aumentado significativamente o número de atores para os milhares. O jogo contra os Estados Unidos teve lugar no 29 de novembro e Irão perdeu 1-0.
As acusações só incrementam a instabilidade vivida no país. O governo de Ali Khamenei está a enfrentar fortes protestos desde a morte de Mahsa Amini no 16 de setembro. Amni, de 22 anos, morreu por causa das feridas infligidas enquanto estava na custódia da polícia por não usar o seu hijab corretamente, visto que este não cobria completamente o seu cabelo.
O país tem enfrentado sanções por parte da comunidade internacional por causa da resposta violenta do regime iraniano aos protestos, sendo que a balança total ascende a 416 mortos desde o começo das manifestações. O regime executou dois civis, Mohsen Shekari e Majidreza Rahnavard, ambos de 23 anos.
Desde a revolução de 1979 que substituiu a monarquia por uma república, o sistema político iraniano passou a combinar elementos democráticos e teocráticos (baseados em fundamentos religiosos). A maior parte do poder político recai sobre o Líder Supremo, Ali Khamenei.
Texto de Natalia Vásquez
Revisão por Beatriz Areal dos Santos