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Cultura

Camilo, o Porto e um Amor de Perdição

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Bibliotecas do Porto

Para uma grande apreciadora de Camilo Castelo Branco, não é difícil compreender a magnitude e a beleza de uma obra como Amor de Perdição.

Tropecei na obra no meu décimo ano, ainda antes de a estudar a Português. Era o livro preferido da minha mãe e, quando lhe perguntei se devia começar a ler o Amor de Perdição ou Capitães da Areia, de Jorge Amado, a sua resposta foi imediata. Camilo seria.

Nunca pensei que aquela obra e aquela decisão iniciassem o meu percurso na obra camiliana. Depois de Amor de Perdição, seguiram-se outras tantas, onde também me perdi completamente, sentindo sempre um conforto especial quando abria algum livro de Camilo. Como se aquelas páginas, o seu cheiro, a sua gramagem ou a sua textura me deixassem mais próxima do meu autor de eleição.

Aliás, desde aí, fiz comigo um pacto de que leria, pelo menos uma obra de Camilo por ano, de modo a assegurar que me reencontrava anualmente com o meu ídolo literário.

Assim, comemorar e vivenciar o seu bicentenário é, para mim, fonte de grande felicidade. Ver o “meu” Camilo, que tantas vezes é deixado de lado nas celebrações, nas referências ou, até, no merchandising que se insiste em fazer, ter finalmente algumas cerimónias dignas é merecido.

O Camilo, pela sua vida polémica, tem tendência a passar por entre os pingos da chuva da literatura portuguesa e a escapar à pena dos críticos literários, que apenas se focam em Pessoa, Camões ou Eça (os três com grande prestígio, não o discuto).

De todo o modo, trazer Camilo às mesas redondas, conhecê-lo, falar sobre ele e colocar mais pessoas a lê-lo é tudo o que a minha persona literária poderia desejar. Foi isso que senti no passado sábado (7), na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, onde, sob o mote Camilo, o Porto e um Amor de Perdição, se falou muito de Camilo e onde, tal como esperava, senti uma onda de carinho por este nosso autor.

Um grupo de alunos da Escola Artística Soares dos Reis e da Escola Secundária Alexandre Herculano, exploraram de uma forma única o Amor de Perdição, com uma interpretação criativa e atual desta grande obra.

O espetáculo, coordenado pela professora Dália Dias, mostrou de que modo aquele grupo de jovens mergulhou na obra e a tornou um bocadinho mais sua, mantendo a sua essência, mas dando-lhe um ar renovado e contemporâneo.

Como tão bem demonstraram, amaram, perderam-se e morreram amando, deixando vivo o legado camiliano e convidando o público menos conhecedor da obra camiliana a deixar-se levar por esta novela ultrarromântica e a deslumbra-se pelo universo de Simão, Teresa e Mariana, sempre com o Porto como pano de fundo.

 

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