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Artigo de Opinião

Será a monogamia a nossa única opção?

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Imagem: Denny Müller (Unsplash)

“Casaram e viveram felizes para sempre”. Esta é a frase final da maioria das histórias e dos filmes infantis que crescemos a ouvir e a ver.

Mas será que um dos nossos objetivos de vida deve ser namorar, casar e ter filhos com a “nossa cara-metade” ou “alma gémea”? Até poderia continuar a enumerar as diversas expressões que são usadas para designar a pessoa com quem escolhemos manter uma relação monogâmica, mas não é esse o objetivo.

Voltando ao assunto do texto, será que a monogamia é mesmo uma escolha pessoal ou é uma imposição da sociedade, que apenas nos permite casar com uma pessoa, que supostamente nos completa e com quem devemos passar o resto da vida? Sendo que, quando isto não acontece, dizem-nos que é porque ainda não encontramos a pessoa certa.

Honestamente, acho que não é uma escolha consciente, até porque muitos dos nossos comportamentos, bem como muitas das nossas escolhas, são condicionados pela sociedade em que vivemos, o que nos leva a tomar decisões que são consideradas socialmente aceites, embora não concordemos completamente elas. É claro que é possível mudar isto, mas o processo de desconstrução das crenças sociais é lento e, por vezes, doloroso, já que podemos ser criticados e/ou excluídos da nossa rede relacional.

Mas analisemos a origem do casamento monogâmico. Este contrato entre duas pessoas nasceu da necessidade de assegurar a propriedade privada, ou seja, para garantir que os filhos do casamento iriam ser os herdeiros da propriedade do pai, uma vez que na época as mulheres não tinham o direito de possuir nenhuma riqueza. Além disso, este contrato patriarcal permitia aos pais entregar a responsabilidade das filhas ao marido, entregando-a no altar ao futuro marido e garantindo que os filhos, frutos deste casamento, seriam herdeiros da riqueza do pai. Ora, felizmente, já não é esta a função do casamento nem das relações, mas a monogamia continua a ser um tipo de relação onde existe um certo controlo da liberdade, já que ambas as partes da relação inibem a sua atração sexual e/ou intelectual por outras pessoas por já se encontrarem num relacionamento. Assim, podemos argumentar que as relações monogâmicas continuam a não permitir que as pessoas sejam livres.

Por isso, o poliamor tem ganho mais destaque, já que permite que cada pessoa possa definir como quer viver a sua vida, ou seja, as pessoas neste tipo de relacionamento podem ter vários parceiros ao longo da vida, com diferentes níveis de intimidade, podendo assim explorar toda a sua identidade sem quaisquer limitações. Para além disso, este tipo de relacionamento requer mais comunicação e compromisso entre as partes, promovendo assim uma maior intimidade e confiança nestas relações. É igualmente importante reforçar que neste tipo de relacionamento não há regras definidas, sendo estas estabelecidas com cada pessoa com que nos relacionamos.

De modo a concluir, este artigo não pretende ser um ataque à monogamia, mas sim uma reflexão sobre o tema. É importante falar sobre os diversos tipos de relacionamento para que cada um possa escolher como se quer relacionar, reforçando que a monogamia não é a única opção e que somos livres de viver como queremos, desde que haja sempre uma comunicação aberta em relação às nossas intenções, de forma a não criar expectativas irrealistas. Por isso, a comunicação é a chave das relações, sejam elas de amizade ou amorosas.

Artigo da autoria de Inês Amorim

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