Opinião

A revolução é uma menina que luta todos os dias

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Imagem: Bodega

O dia internacional da Mulher não é sobre flores, é sobre luta. A cidade que fala. O Grafite que ocupa o concreto de um muro na Espanha grita a revolução. Sim, por que a mudança na estrutura social ainda vigente — mas que balança —, tem de ser marcada por uma grande revolução. E essa revolução será feminista ou não será?

Emoções, relações e violências (SNS 24). Desde o início do mundo como o conhecemos, a mulher vem sendo subjugada e minimizada a quase nada. Mas calma! “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher“, afirmou Simone de Beauvoir, filósofa existencialista, ativista política, feminista e teórica social francesa. Esta reflexão defendida por Beauvoir norteia até hoje grandes discussões acerca do papel da mulher na sociedade: esta deve ocupar o lugar que quiser.

Bela, recatada e do lar são adjetivos que ficaram no passado; ou melhor, que se somaram a novas percepções, ocupações e conquistas das mulheres no mundo contemporâneo. E elas vão ganhar o mundo. O “tornar-se mulher” talvez seja, erroneamente, reproduzir e aceitar as imposições predefinidas pela nossa sociedade patriarcal, sexista-machista e brutalmente misógina.

54,7% das jovens já sofreram violência no namoro em Portugal. Comportamentos como a difamação, o recurso às redes sociais para chantagear, o hábito de vasculhar no telemóvel ou nos bolsos do casaco, as agressões físicas e a coacção para práticas sexuais não desejadas

Em 2023, Portugal registrou 38 tentativas de homicídio às mulheres, das quais 25 de femicídio. No planeta, mais de cinco meninas ou mulheres são mortas a cada hora, em média, por ano. Segundo especialistas da Nações Unidas (ONU), o feminicídio é uma tragédia global de proporções pandémica e os países estão falhando no dever de proteger as vítimas de violência de género.

A luta é pelo direito de existir!

Nesse contexto de busca por igualdade e justiça, é essencial reconhecer o poder da voz feminina na construção de um mundo mais justo e inclusivo. Como Ângela Davis, ativista e professora estadunidense, proclama: “a liberdade é uma luta constante”. E essa luta transcende fronteiras e se manifesta nas mais diversas formas de expressão, como o grafite que ecoa pelas ruas.

Ao nos unirmos ao coro da revolução feminista, estamos, não apenas desafiando estruturas opressivas, mas também reconstruindo narrativas e redefinindo espaços, além de tornar o mundo um lugar seguro para todes e não apenas para homens brancos héteros-cis.

Cada traço de tinta é um grito de resistência. Cada palavra é um convite à transformação. Que possamos, juntes, erguer as nossas vozes e deixar a nossa marca na história. Toda a revolução deve partir da incitação de gerações futuras em continuar esta árdua jornada rumo à igualdade plena.

E mais, a inclusão da mulher trans na discussão sobre direitos e igualdade é crucial para uma sociedade verdadeiramente justa e respeitosa. Assim como toda mulher, a mulher-trans enfrenta desafios diários, sempre a vivenciar discriminação e violência de género, além de transfobia. Como disse Laverne Cox, atriz e ativista transgénero,

“É importante que as pessoas saibam que [as mulheres trans] são inspiradoras, que somos seres humanos cheios de sonhos e aspirações, assim como qualquer outra pessoa.”

Portanto, neste Dia Internacional da Mulher — e todos os outros dias —, é imperativo reconhecer e celebrar a diversidade feminina em sua totalidade, honrando a força e a resiliência de todas as mulheres, incluindo as mulheres-trans, e comprometendo-se a construir um mundo onde todas sejam respeitadas e valorizadas.

Que possamos assimilar estas informações e perceber que a luta da Mulher no mundo é por sobrevivência. Por isso, acolha e, principalmente, respeite as minas, as trans, as coroas, as pretas, as brancas, as indígenas. Todas! Entender o feminismo como avanço social é caminhar para um futuro totalmente diferente do passado violento que tivemos e que insiste em nos assombrar por um espaço no hoje.

Feminista: pessoa que acredita na igualdade social, política e económica entre os sexos!

Artigo da autoria de Ícaro Machado

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