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Artigo de Opinião

O SUSSURRO DA FAMA

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Alexandra Albuquerque

Alexandra Albuquerque

Este mês, pensei em escrever sobre o significado da palavra “fama”, depois de ter passado os olhos por uma revista onde se lia algo como “entrou na Casa dos Segredos porque queria ser famosa. E não é a única”. Ou seja, deduzi que não era única concorrente que entrava num concurso de televisão para ser famoso.

Normalmente nos concursos mostra-se valor, compete-se com dons, saberes, competências… Mas neste concurso (e noutros similares) que não vou analisar muito a fundo, compete-se com segredos, pouca roupa, pouca formação, pouca educação… para ser famoso.

A “fama”, na sua aceção mais atual é, normalmente, um resultado, não um objetivo. Um resultado de se ser o melhor ou especial no que se faz, de ter padrões de beleza, riqueza, estatuto social, político, religioso… acima da média e de, por isso, ser alvo de “revelação” para o mundo como exemplos, ícones, ídolos. Pode ser um resultado mais ou menos intencional, podemos trabalhar mais ou menos para ele, mas não deixa de ser um resultado.

Todavia, cada vez mais se percebe que o que resulta de um “dom” (mais ou menos natural ou trabalhado) se tornou um objetivo, como se fosse um sinónimo de ter sucesso. E como se ter sucesso fosse o mesmo que aparecer na televisão, em capas de revistas e em eventos sociais. E este desejo é tão forte e tão partilhado que se tornou uma síndrome desenfreada que faz com que muitos jovens deixem de acreditar na formação pessoal e profissional, no empreendedorismo, noutros meios de ter sucesso na vida: como ser o herói de quem gosta dele/dela (família, amigos, comunidade…).

Vivemos num mundo visual, acelerado, onde o valor das pessoas e os valores da sociedade nem sempre coincidem.

Talvez nos devêssemos recordar mais do sentido original do termo e das suas representações assustadoras na mitologia romana e grega…

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