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Artigo de Opinião

RECRUTAMENTO, CUNHA E SELEÇÃO

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Carina Dias

Carina Dias

Hoje em dia, sempre que nos queremos candidatar a um emprego temos de nos sujeitar a uma série de testes psicológicos, entrevistas e dinâmicas de grupo, para ver se temos as competências necessárias para exercer uma determinada atividade. A partir daqui será escolhido aquele que melhor se enquadra no perfil pretendido para determinado cargo. Considero isto bastante importante, visto que para ocupar um determinado posto, por mais simples que ele seja, tem de se ter determinadas responsabilidades e “saberes-fazer” específicos. Este é o pão nosso de cada dia para qualquer profissão, sendo as pessoas sujeitas a este tipo de recrutamento e seleção.

Sabemos que o mercado de trabalho está superlotado e, por isso, quando se vai realizar uma entrevista de emprego, surge a ansiedade, o nervosismo, o stress e o pânico, pois sabemos que temos mais “concorrentes” que querem o mesmo e que podemos ficar mais alguns meses no desemprego. Em Portugal, os problemas de saúde mental têm aumentado e, apesar de os médicos nos virem dizer que se deve à crise e que é necessário fazer atividades ao ar livre, conviver e sair de casa, a verdade é que não podemos ver este problema como das pessoas, mas um problema da sociedade. Se queremos mudar algo, temos de atuar na fonte do problema. Por isso, hoje em dia, vivemos num grande período de tensão psicológica que precisa de ser moderado.

O que mais intriga no meio disto tudo é que existem determinados cargos para os quais estes métodos de recrutamento e seleção não são aplicados, mas deveriam ser. Estou a falar, por exemplo, de gestores de empresas, que estão no topo da hierarquia, sendo eles o principal motor da organização que tem de tomar decisões de máxima importância. Do trabalho e da responsabilidade destes depende a vida de muitos trabalhadores.

O grande problema aqui é que grande maioria destes vão parar a este cargo, não porque têm um perfil de competências que se enquadre, mas porque usaram uma técnica muito comum nos dias de hoje à qual muitos chamam “cunha”. Pois é, a cunha ainda funciona e o problema é que funciona mais nos cargos que envolvem muito dinheiro. Será que por eu ser filha de um grande empresário tenho um perfil indicado para exercer um cargo de alto valor? Claro que não! Há certas coisas que não passam através dos genes e não nos podemos esquecer que há sempre alguém melhor que nós. Depois, devido a este tipo de mecanismo ilícito de chegada ao topo de uma hierarquia, temos empresas a fechar e trabalhadores que não têm para onde ir trabalhar. Mais do que qualquer trabalhador, os grandes gestores de uma empresa precisam de ser avaliados, porque deles dependem muitas pessoas.

Gostava de incluir nestes “gestores” os nossos políticos, que também governam uma grande empresa, Portugal, tendo milhares de pessoas dependentes das suas decisões. Estes mais do que qualquer outro deveriam ser sujeitos a testes psicológicos antes de se poderem candidatar a qualquer eleição. Talvez, se isto já tivesse sido feito há mais tempo, com certeza estaríamos numa situação melhor.

Possivelmente isto nunca vai ser feito, mas a verdade é que o zé-povinho que leva sempre com as culpas e com grandes desfalques nas suas vidas, enquanto aqueles que estão no topo conseguem sempre dar a volta por cima e, com um bocado de sorte, até escrevem um livro. Não podemos deixar que isto aconteça. Temos que ter justiça social.

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