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Artigo de Opinião

O ESTADO SOCIAL FUNCIONA EM PLENO?!

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Francisca Bartilloti Matos

Francisca Bartilloti Matos

Foi publicado no dia 24 de Novembro nesta plataforma um artigo com o título: “O Estado Social existe, porra!”, escrito pela Daniela Oliveira. Ora eu, como alguém que lê e escreve para este jornal, não podia deixar de mostrar a minha inquietação em relação ao que foi escrito.

Há uma passagem neste artigo que refere: “Em minha casa, nunca ninguém duvida que o Estado-Providência funciona em pleno.” Sinceramente, não sei o que a autora deste texto entende por algo que funciona em pleno, ou então, não sei de que Estado-Providência fala. Será o mesmo Estado-Providência que, há poucos dias, expulsou, sem ordem de despejo, uma família de 8 pessoas (entre as quais 3 crianças) do Bairro de Santa Mónica, na Amadora, para que vissem as suas casas ser demolidas?
Será o mesmo Estado-Providência em que 39,1% dos jovens com um curso superior estão desempregados? Ou que tem 17% dos jovens entre os 15 e os 29 anos sem estudar ou trabalhar?

Será o mesmo Estado-Providência que nega medicamentos a quem precisa deles, o mesmo que corta subsídios de desemprego, Natal ou férias, o que aumenta impostos, corta na saúde, na educação, no ambiente, para pagar juros de uma dívida que não contraímos? Seguramente não falamos do mesmo Estado ou, se falamos, não conhecemos o mesmo significado de “trabalhar em pleno”.

Não sei também quem serão esses “líderes” que “nos protegem”. Os mesmos que na semana passada propuseram um sistema de subvenções vitalícias para os deputados? Ou serão os que aguardam julgamento em Évora? Ou os envolvidos nos casos dos vistos gold ou dos submarinos? Seguramente eu e a autora não conhecemos também o mesmo Robin dos Bosques.

Pois é. De vez em quando devemos sair um pouco do nosso mundo e olhar para o que nos rodeia: se o Estado possibilita a autora de tirar um curso, há muitos jovens que não o podem fazer e que têm de trabalhar; se o Estado possibilita a autora de fazer Erasmus, eu gostaria de saber se algum dos jovens que vivem no Bairro de Aldoar o pode fazer; se a autora tem um fácil acesso aos cuidados de saúde, acredite, não é comum a toda a população, principalmente se procurar no interior do país.

Enfim, preocupa-me um pouco esta massa acrítica que engole o que aparece nos jornais como se fosse uma verdade absoluta. Sairmos de casa para a rua, isso sim, faz-nos conhecer as condições de vida das pessoas. Talvez assim percebamos como destroem o Estado Social que, e aqui concordo com a autora, foi uma das maiores conquistas de Abril.

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