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Artigo de Opinião

VIVEMOS NUM MUNDO DE APARÊNCIAS!

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Filipa MendesVivemos num mundo de aparências. Aparentar ter o melhor intelecto, a melhor roupa, o melhor grupo de amigos, o melhor carro.

Se repararem, nesta enumeração acima elaborada, não constam apenas bens materiais e isto é algo que me assusta.

É certo que, desde a criação do capitalismo e consequente consumismo, começou a surgir uma corrente económico-social a que se dá o nome de materialismo. Mas, a realidade é que não posso criticar, pois poucos são aqueles que não gostam de ter um bom carro, uma boa casa ou uma peça de roupa de marca. O que realmente me preocupa é um tipo de materialismo paradoxal, ao qual gosto de chamar materialismo não-material.

Sempre ouvi falar em competição saudável. Eu não acredito nisso. A competição pressupõe o pretender ser melhor que o outro e não há uma grande diferença entre querer ser melhor que o outro e o achar que se é.

Com isto, e passando a explicar-me, o que me desassossega é o facto de termos passado do querer ser melhor para o querer ser melhor que o outro, o que quer que isso signifique. Atualmente, já não se quer apenas ter um bom carro, uma boa casa e uma boa vida. Atualmente, quer-se ser (e acredita-se que se é) mais que os demais, mais inteligente, mais sociável, mais bem-sucedido, o mais.

Hoje em dia, já não se trabalha para ter o que se ambiciona, cai-se simplesmente num estado apático-egocêntrico de se acreditar que já se é melhor que o outro.

Não vou ceder ao cliché de afirmar que somos especiais como pensamos que somos, porque a verdade é que há uns mais especiais que outros e é esse próprio cliché que nos conduz a essa tal apatia egocêntrica que critico.

Acredito que este materialismo não-material advém da inveja e a inveja é, para além de um dos 7 pecados mortais, talvez o principal problema da nossa sociedade. A inveja corrói, destrói o que de melhor existe e, curiosamente, acaba até por destruir a auto-estima.

A corrida incansável pela ambição de ter mais e ser melhor que o outro nunca tem um fim, porque vai haver sempre alguém melhor e um invejoso que apenas quer ser melhor que o outro, mesmo que o outro não seja bom, nem sequer é ambicioso, porque um ambicioso quer ser sempre o melhor que ele próprio consegue ser.

Tudo isto serve para dizer que acredito, sim, naquela competição que faz com que tenhamos ambição de melhorar e não de ser os melhores, pelo que acredito na auto-competição.

Acredito que temos sempre algo a melhorar. Acredito que devemos assumir os nossos erros e ser capazes de questionar não só os outros, como também nós próprios.

Por fim, acredito que se enveredarmos pela auto-competição conseguiremos ser melhores, independentemente daquilo que nos rodeia.

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