Connect with us

Artigo de Opinião

A FALHA DA EUROPA

Published

on

Francisco Perez

Francisco Perez

Grécia. Tsipras. Eurogrupo. Nas últimas semanas não se tem falado de outra coisa que não na crise no sistema financeiro da União Europeia.

A situação é muito sensível. Nunca na história da UE se assistiu às instabilidades que o atual Governo de Atenas criou. Não há outro adjetivo para caracterizar o Syriza: teimoso! O resultado do referendo só demonstrou isso mesmo.

Vamos colocar questões partidárias de parte por um momento. Desde que Tsipras se afirmou como candidato a primeiro-ministro que a Europa tremeu, devido ao conjunto de políticas que visavam o perdão da dívida grega ou a cedência dos parceiros sociais. Dos 3 países europeus auxiliados pela Troika, foi a Grécia a revelar uma enorme falta de consciência para com o problema.

O pior é quando nos lembramos que foi o povo quem elegeu este Governo. 60% dos gregos que votaram no referendo assumiram não ter percebido a pergunta. Diz muito.

Nos dias que correm, nunca um Estado-membro pode definir políticas sem consultar a Comissão Europeia. O propósito da organização é a sua união, assente na cooperação e estabilidade.

Sempre fui adepto da União Europeia. Sempre acreditei nos seus objetivos, na sua forma de atuar. E a criação de uma moeda única foi uma jogada pertinente no seu contexto dada a dicotomia socioeconómica dos países europeus. Hoje, com a ameaça de abandono de um dos membros, na minha opinião, todo o sistema vai ser posto em causa. Não sei como resolver uma eventual saída do euro. Como é que a Grécia poderá pagar? Como podem os parceiros internacionais investir num país que não paga o que deve?

Somos 28 países unidos pelo melhor. E o melhor não é o que passa agora. E desengane-se quem acha que só a Grécia perde com isto.

A saída da Zona Euro poderá provocar graves danos nas relações comerciais com os seus vizinhos como a Albânia ou a Macedónia. Pode intensificar a relação Atenas-Moscovo numa altura em que a UE está de costas viradas devido ao conflito na Ucrânia, algo que a NATO tenta evitar. Os movimentos migratórios ilegais poderão subir a níveis elevadíssimos.

E Portugal? Uma saída da Grécia poderá conduzir a aumentos consideráveis dos juros da nossa dívida. A situação é horrível só de imaginar.

Uma amiga disse-me uma vez que gostaria de ter nascido na segunda metade do século XX para assistir aos momentos de grande impacto da União Europeia. Como as coisas estão, ainda deve ir a tempo.

Continue Reading
Click to comment

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *