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Cultura

Festival SET: um bom set(embro) na ESMAE

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Uma vez por ano, durante uns dias, a Rua da Alegria fica ainda mais alegre. E esses dias chegaram! O Festival SET: Semana das Escolas de Teatro está de volta com uma semana repleta de artes performativas organizada por estudantes e docentes da ESMAE – P.PORTO. Esta 11ª edição, que acontece de 18 a 26 de setembro, é mais esperada do que nunca! Em 2020, a pandemia obrigou o festival a adaptar-se à versão online e, este verão, quando tudo parecia estar ready, SET, go, o vírus voltou a cancelar os planos. Mas, dois meses depois, em vésperas de arrancar o novo ano letivo, a resiliência e a saudade falaram mais alto. “É preciso combater o medo”, dizem os comissários do festival, e é preciso um “novo renascimento”, concordam os participantes.

Os pavilhões da escola transformam-se em salas de cinema para usufruir de obras de arte audiovisuais: “Mov4185113.v8” são performances gravadas de alunos da Escola Superior de Dança e “Emergências” são vídeos performáticos enviados pela Escola Profissional de Artes Performativas da Jobra. Além disso, são ainda disponibilizadas online várias curtas metragens dos alunos da Escola Artística Soares dos Reis.

O festival é, assim, uma rampa de lançamento e um porto seguro para a partilha de criações artísticas que, de outra forma, muitas vezes não sairiam das cabeças dos jovens ou das salas de aula. 

Apesar da programação videográfica, o Teatro Helena Sá e Costa (THSC) é a clareira da programação. De 21 a 23 de setembro, às 17h, o palco é ocupado pela “TRILOGIA: Ensaios” que se debruça sobre “Marcado Pelo Tipex” de Antonio Onetti, “O Amante” de Harold Pinter e “Sopinhas de Mel” de Teresa Rita. Os espetáculos, diferentes e individuais, seguem uma mesma estética e gozam do prazer de elevar o jogo teatral à pura brincadeira imprevisível. Em cena, nada mais existirá para além dos atores e do texto. De resto, toda a imagética do ambiente cabe ao espectador – que vai ver, e dar forma e cor ao que achar que faz sentido ver.

Mas se até aqui o teatro foi ocupado por alunos da casa, nos dias seguintes deixa de ser. A 24 de setembro, às 17h, recebe “Por hoje é só!”, de alunos da Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha. Um espetáculo urgente, sobre o mundo atual, reinado pela informação rápida, impulsiva e falsa. Através de um jornal de notícias precário, esta história pode ser assustadora, chocante e absurda mas, pelo menos, é real e verdadeira.

Por seu turno, no dia seguinte, à mesma hora, é a vez da Escola Secundária Alberto Sampaio apresentar “Cruzamento Paralelo”, adaptado de “Traições” de Harold Pinter. Um história sobre vidas mundanas e tempos em mudança, pessoas cruzadas e segredos em paralelo que pode vir provar que o ensino profissional de teatro em Portugal está entregue a bons miúdos.

O Festival SET tem história e, apesar de todos os anos serem autênticos, a bagagem das edições passadas faz crescer o ambiente a cada novo arranque. Este ano, nas atividades paralelas, denominadas de SET+, existem pequenos grandes brindes. A 19 de setembro, às 17h, ocorre a segunda parte da Conversa Aberta: Fazer Teatro Com/Para Pessoas Com Deficiência, a 20 de setembro conversa-se online com Ovídio de Sousa Vieira, um programador cultural de renome, e a 24 de setembro, às 10h, principia um Workshop de Poesia com Carlota Castro.

Mas a música também faz parte da ESMAE e do festival – e que grande e bela parte!

O Café Concerto Francisco Beja (CCFB) recebe duas noites que já estão a dançar por antecipação. A 21 de setembro, às 21h30, a DESENHADA vem ocupar o silêncio com musicadas, amigos, poemas, algumas canções bonitas e alguns falhanços ainda mais bonitos, no concerto de nome “Desconcertada”. Já no dia 25, Long Black Coat apresentam o Post Punk à ESMAE e, pesados sem ser agressivos, percorrem o amor, a morte, a perda e a solidão ao som do caos e do barulho.

No top de best-of da Semana das Escolas de Teatro está a Residência Artística. Durante 2 semanas, vários alunos e alunas de escolas artísticas encontram-se para desenvolverem um espetáculo, este ano com a encenação de Kenia Dias e Ricardo Garcia. Dado o contexto de pandemia, esta atividade, assim como a sua apresentação, serão realizadas em formato digital e à distância, tendo apresentação online e no THSC no último dia do festival, dia 26 de setembro, às 17h.

Cada dia dá-nos mais vontade de ver o a seguir – ou, pelo menos, foi sempre assim que a ESMAE nos habituou. A arte está bem assegurada, os jovens estão cheios de genica e, dois cancelamentos depois, não há nada nem ninguém que possa impedir a alegria desta edição.

Artigo da autoria de Inês Sincero