Cultura
GLEEN MILLER: IN THE MOOD FOR GOOD MUSIC
Faziam-se compassos de espera nos vários átrios da Casa da Música, que pareciam ter mudado de década, graças aos casais que se passeavam nos seus casacos de vison, perfumes número cinco e que notoriamente outrora estariam dispostos a dar um passo de dança e a transpirar o seu charme. Aguardava-se o concerto de Glenn Miller Orchestra.
Na sala Suggia a geração minoritária e abaixo dos 30 anos dispunha-se da fila X e da XX para cima e talvez devido à cadência das restantes que esgotaram a sala. O outrora apertado sistema de pontualidade da Casa da Música deixou com que muitos fossem entrando, já a Orquestra ia na segunda música.
O concerto, de cerca de uma hora e trinta minutos, contou com composição praticamente original. Desde o Mr. Miller, onde as passagens entre os saxofones e cabelos brancos dos músicos, num espetáculo musical próprio das Big Bands, ia contagiando naturalmente algumas cabeças que discretamente balançavam ao som de ”Pennsylvania 6-5000” e “American Patrol”, intercaladas com a presença dos vocais e dos “The Moonlight Serenaders”.
Talvez não estivéssemos preparados, talvez tivesse sido demasiado cedo, mas quando a “Moonlight Serenade” se começou a ouvir, o tempo parou e alguns suspiros foram lançados para um passado que já não nos pertencia. O resultado foi o de querer congelar o momento onde tantos eram os narizes pingões e as lágrimas disfarçadas.
Músicas tecnicamente perfeitas ainda se fizeram ouvir como a “Tuxedo Junction”, a “Little Brown Jug” e a “A String of Pearls”, acompanhadas pelos aplausos ritmados e espontâneos do público. Entre breves pausas com curiosidades e peripécias contadas pela banda, de Portugal à Rússia, a entusiasta Glenn Miller Orchestra prometeu regressar num ano. Previsivelmente a banda fez um encore e a “In the Mood” conseguiu estender-se por mais uns bons minutos, enquanto todos queriam aplaudir de pé o maravilhoso concerto que dificilmente se repetirá.