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Cultura

CURTAS – RÉGIO E VILA DO CONDE DA MEMÓRIA E DA SAUDADE

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Ontem (6) no Curtas várias foram as propostas da programação. Desde o inicio da competição nacional, à continuação da competição internacional. Do take one, até ao panorama grego ou romeno. Contudo, o destaque foi para as produções Curtas. Manuel Mozos e Miguel Clara Vaconcelos foram os realizadores escolhidos pelos organizadores para criarem filmes para a 23ª edição do Festival. Um englobado no contexto Campus, uma parceria com as escolas de ensino superior artístico, e outro, uma residência artística da Solar – Galeria de arte cinemática, mas com um tema comum: Vila do Conde.

O filme de Manuel Mozos remete-nos para o poeta vilacondense José Régio. Para uma carta que escreveu a Alberto Serpa em 18 de Setembro de 1929, com o desejo de criar uma produtora cinematográfica pel’ A Glória de fazer cinema em Portugal, título da curta-metragem. Através das bobines encontradas por um coleccionador, e das analogias entre o vislumbrado na película e a obra e desenhos do poeta, várias são as perguntas que surgem ao público: O que é a verdade? O que é a memória? Terá José Régio de facto fundado uma produtora? Terá de facto existido o realizador Caullaid? Uma verdade garantida in loco por Valter Hugo Mãe, diz respeito a José Régio ter sido dos primeiros críticos de cinema em Portugal. O poeta, aceitava a 7ª arte como «algo que poderia mudar o mundo» e tornou-se mesmo amigo e admirador de Manuel de Oliveira. A carta enviada corresponde também a uma realidade, quanto ao resto, quantos destes factos serão verdadeiros?

Miguel Clara de Vasconcelos com “Vila do Conde espraiada” leva o espetador a revisitar as suas memórias de infância passadas nesta cidade. Através da montagem de imagens cedidas por vários habitantes locais, que considera serem «como ouro, como luz» e de outras filmadas com uma máquina tradicional, transmite no filme as suas recordações e acontecimentos engraçados de criança. Ao som de “Sensible Soccers” e “White Haus” e com a linguagem poética que lhe é característica, tanto fónica como icónica, convida o público a entrar na sua vida por breves momentos. Desde as cassetes gravadas com a voz pai, até aos momentos de brincadeira com o irmão ou os “meninos do campo”, várias são as situações e sensações apresentadas. Segundo o realizador, «quando realizamos um filme auto-biográfico já estamos tranquilos com o passado». Miguel Clara de Vasconcelos admite que não era essa a forma como se sentia relativamente a esta curta-metragem, mas sim como uma necessidade terapêutica «para deixar de sonhar com Vila do Conde e com locais que já não existem», ou seja, um auto-ensaio . Esta produção, que considera que não tão fácil, «com avanços e recuos» compreendeu uma fase de pesquisa e residência e originará ainda uma exposição no Centro de Memória de Vila do Conde. Os organizadores salientam que a proposta surgiu do próprio realizador após vencer a 22ª edição do festival, a qual foi recebida de “braços abertos” pelo Curtas. Esta sessão contou com uma conversa informal com o público no final da sessão, onde foram colocadas questões a toda a equipa.

Hoje (7) realizar-se-á mais uma produção CRL: curtas-metragens, as Competições Nacional e Internacional, a Take One, o Panorama da Lituânia e Polónia e a secção In Focus.

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