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Cultura

D.Δ.M.A.: “TEMOS TODO O GOSTO EM DAR UM BOCADINHO DE NÓS ÀS PESSOAS QUE NOS DÃO TANTO”

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Esperamos pelos D.Δ.M.A. no Palace Spa Hotel, nas Termas de S. Vicente (Penafiel). Passa pouco das 17h30 quando Francisco Maria Pereira, ou Kacha, como é conhecido e acarinhado, e Miguel Cristovinho descem do elevador. O cansaço de uma digressão que percorre todo um país vê-se nos olhos de cada um, mas a simpatia é espontânea e sobrepõe-se.

Sem pretensões de acharem que conseguem aclarar mentes, os D.Δ.M.A. (Deixa-me Aclarar-te a Mente Amigo) veem no nome um “porque não?”. Isto porque se a pergunta é “Porquê D.Δ.M.A.?”, Francisco retorque com “E porque não?”. Logo de seguida explica que reflete um pouco a missão do grupo: “fazer letras de histórias nossas que sejam histórias doutras pessoas, para fazerem das nossas músicas as músicas delas.”

[À noite teriam uma legião de fãs, na Agrival, a mostrar que a missão foi cumprida.]

A Feira Agrícola do Vale do Sousa trouxe um cartaz recheado e os D.Δ.M.A. são o  Francisco explica que eles só têm noção de onde vão tocar umas semanas antes, mas ficaram “muito orgulhosos por fazer parte deste cartaz com tão bons artistas nacionais”.

A receita da popularidade, segundo a Blitz, são canções simples de pop açucarado, com sonoridade de hip hop ou algo arrockalhado. Os rapazes concordam, mas não se ficam por aí. “É boa visão. Será sempre uma junção de algo com pop”, comenta Cristovinho e Francisco salienta que, acima de tudo, eles tentam “criar uma sonoridade própria, por isso é que é difícil estabelecer um único género…. E estarmo-nos a limitar a um género, seria estarmos a limitar a nossa criatividade.”

Até porque os D.Δ.M.A. têm de ter algo mais para terem conseguido transformar o seu primeiro álbum em disco de platina, numa altura em que CDs não são a opção de compra mais forte. Como o título do álbum indica: foi tudo Uma Questão de Princípio. “Encaramos isso com muito orgulho. Comprar um CD é sempre ter uma relação mais pessoal com a banda. O formato máximo da nossa música é o formato corpóreo, cada um tem o seu. É de facto único.”[Francisco]

E foi na forma como iniciaram que, muito provavelmente, a marca ficou. Isto porque o grupo já percorre os caminhos da música desde 2007, com vídeos publicados no Youtube prontos a chegar a nossa casa. Em 2014 chegaram a todo o lado. Se  “Às vezes” o primeiro hit destes jovens, a música nunca sofreu de incertezas, mesmo quando o emprego já era estável. “Quase todas as semanas mandávamos mails para todas as editoras, todas as agências a ver se alguém pegava em nós”, explica Francisco com um sorriso que os fãs conhecem bem.

E foi com persistência que eles encontraram a GLAM, a agência que lhes disse “sim” e que eles nunca mais largaram. O casamento perfeito que deu origem a uma família.

Mas a família nunca está completa sem os fãs e eles fazem questão de mostrar isso. Seja com a hashtag #tudoporvocêsnadasemvocês, seja pelas horas que passam a tirar fotos e a dar autógrafos, como veio a acontecer mais tarde.

E não pensem que eles fazem isto por obrigação, pois, como Cristovinho conta: “Nós sentimos que só estamos aqui por essas pessoas que gostam de nós, gostam daquilo que nós compomos, gostam daquilo que nós transmitimos… São essas pessoas que fazem com que nós continuemos a ter espaço e, por isso, claro que temos uma dádiva de gratidão por essas pessoas.” Essa é a principal razão para a existência de tantas plataformas sociais (Facebook, Instagram, Snapchat…) e, ainda que não consigam dar resposta a tudo, não passam a pasta para outra pessoa. Francisco acrescenta, “não encaramos isto como uma obrigação. Nós temos é todo o gosto em dar um bocadinho de nós às pessoas que nos dão tanto.”

Se ainda assim acham que isto é só conversa, experimentem ficar até ao final de um concerto deles. Depois de algum tempo de espera, eles reaparecem. Com um sorriso de quem acabou de descansar e não de horas de energia em cima de um palco, eles deliciam quem espera com uma recordação. Entre selfies e assinaturas, eles criam conversa, lembram-se dos fãs que os seguem por todo o país e distribuem abraços. E quando o segurança diz que só têm mais 10 minutos, Francisco despreocupa as admiradoras. Ele não se vai embora sem tirar uma foto com todas. Este carinho todo sai-lhes da alma, não há dúvida.

Da alma também lhes saem as letras, um espelho do que sentem. Do que sentem eles e do que sentimos nós. “Para nós é importante [serem eles a comporem as letras] porque nós sentimos que as coisas são mais orgânicas se formos nós a dizê-las e a pensá-las.” [Cristovinho]

Francisco acrescenta que a ideia de um músico é “criar sentimentos noutras pessoas. Nós só conseguimos sentir aquilo que queremos dizer às outras pessoas através de letras nossas.”

E este são os D.Δ.M.A.. um grupo de amigos unidos pela música que seguiram o mote de “nunca desistas dos teus sonhos”. E o reconhecimento veio. Tanto que o próprio Ministério da Economia quer nomeá-los embaixadores do empreendedorismo, algo que os deixou muito “orgulhosos” porque, nas palavras de Cristovinho, “de certa forma, somos empreendedores porque a empresa que hoje em dia são os D.Δ.M.A. fomos os três que começamos nas nossas casas”. Francisco acrescenta que é nestes momentos que tem noção da dimensão do que construíram e quererem fazer deles um exemplo a seguir é algo que os deixa maravilhados. Mas ele relembra o que muitos se esquecem quando chegam ao topo: “ser reconhecido é sempre bom, mas o melhor ainda é manter os pés assentes na terra. Sabemos que tudo é muito ténue e, por isso, temos que continuar a trabalhar da mesma maneira”.

Agora é esperar pelo novo álbum. Para já só sabemos que “Não Dá” (para esperar, claro!), o single de estreia do novo projeto, mas Francisco, entre risos, garante que há “alguma música”. Com um tom mais sério, Cristovinho passa a explicar que qualquer segundo álbum tem outro nível de maturidade, mas que este não perde a sonoridade dos D.Δ.M.A.. “Tivemos o prazer de trabalhar com produtores diferentes e fazer parcerias diferentes. Vão ser surpreendentes.” Com estilos desde o rock, soul ou até mesmo funk, ele acredita “que vai ser engraçado. Acho que as pessoas vão gostar”.

As datas para a apresentação já estão marcadas e dia 7 de Novembro o Norte tem encontro marcado no Multiusos de Guimarães. E para quem não é de lá, os D.Δ.M.A. aliciam, “as pessoas que tiverem curiosidade podem ir ao Multiusos de Guimarães, não é assim tao longe”. Uma noite memorável, com certeza. A um comboio de distância.

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