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Cultura

REVERENCE, A FÉNIX DE VALADA. ISSO E TOSTAS! (2/2)

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Andy

Andy

Artilhei-me de uma manhã inteira de intensa preguiça e fui dar um mergulho no Tejo; não sem antes meter conversa com o Andy, que estava sentado na margem, absolutamente extasiado com o clima e as vistas. Veio de propósito de Inglaterra – contou-me – porque um grande amigo estivera presente na primeira edição do Reverence e descreveu-o como sendo um dos melhores festivais de sempre. Ao palpite “Sleep, let me guess” respondeu “No, Jon Spencer; I’ve been enjoying his music for twenty years, and now I actually saw him”. É de salientar que este não se trata de um caso isolado: falei com vários estrangeiros e todos confessaram ter vindo de propósito a Portugal pelo festival; foi o caso, por exemplo, de duas Alemãs, companheiras de jantar, não me fossem ter valido uma sopa, justa renumeração por ter servido de tradutor no

Sérgio

Sérgio

mercado municipal, que ali estavam para ouvir os já falados Dorminhocos. A última vítima que massacrei foi o Sérgio, que após clamar “vou ser entrevistado, vou ser entrevistado” revelou que na sua opinião “as bandas não estão tão bem distribuídas este ano mas o recinto está melhor organizado e o acesso ao festival foi facilitado”. Opiniões; e foi a actualidade.

Ao longo deste terceiro e último dia passaram pelo palco principal os 10000 Russos, discípulos dos Neu! e Suicide, um dos concertos que mais queria ver e do qual tenho a dizer que, sem excluir tê-lo achado brutal, não senti que se tivessem transcendido em palco, como creio ser o costume das actuais bandas Portuguesas; Joel Gion & The Guests, que, como quem não quer a coisa, entre tocar umas maracas e fumar uns cigarritos, deram um concerto porreiríssimo; Sean Riley & The Slowriders, os representantes do dia do bom Pop Rock Lusitano, se bem que pelo nome ninguém o diria; os lendários Amon Düül II, percussores do Krautrock, que após um intenso suspense de começa não começa (tanto que dei por mim a questionar-me “queres ver que os velhadas me vão morrer aqui e agora?”) deram um espectáculo sublime e visceral! Fica sempre bem usar a palavra “visceral” nestas reportagens, é chique. Falta mencionar a chave de ouro, os The Horrors, dos quais bastaria dizer que a certa altura um Inglês com vários copos a mais me sussurrou: Pink Floyd. Ainda assim queria acrescentar que entre o introspectivo e o energético, sempre com uma abordagem deveras competente, foi bom rever os penteados dos emos do 7º ano!

 

 

Pelos palcos secundários, Praia e Rio, contou-se com nomes como Jaguwar, directamente vindos da Alemanha para nos brindar com um simpático Shoegaze; Samsara Blues Experiment, também provenientes da terra das salsichas e da Troika, jovens que ecleticamente oscilavam entre o Stoner, o Metal e o Rock Psicadélico, enquanto o público ia ajustando o seu head bang; Calibro 35, claro, não fosse a alegria Italiana fazer sempre falta, e nada como um Funk pesadito para abanar a pélvis; Electric Moon, o trio do Acid Rock, cabelos compridos e toca a rasgar pano nesta noite de Lua cheia; e todo um batalhão de bandas nacionais, maioritariamente de Garage Rock vindo do Barreiro – Fat Eddie Nelson, The Jack Shits, The Act-Ups, One Unique Signal, Lâmina e Ghost Hunt. Nessa noite acordei às 5:15 da manhã (cheguei mesmo a pensar que ia finalmente conseguir começar a beber café) para ir assistir no palco Rio à Sunrise Jam Session, orquestrada pelos Dezenas de Milhar de Senhores Soviéticos, novamente, em

Nossa Senhora Soviética

Nossa Senhora Soviética

conjunto com os MugstarAdorei a malha e fico honestamente comovido por aí ter tido oportunidade de conviver com a Nossa Senhora Soviética (que veio resolver-me o problema de não ter capa para a reportagem), mas rio não se via nenhum, e o Sol só viria a nascer uma hora depois, estava eu estendido em cima da esteira a dormitar na estação de comboios – à qual pensei nunca chegar, pois ficava a 4,5 km do recinto e tinham-me dito que àquela hora a minha única hipótese era apanhar boleia dos camiões dos tomates, não fôssemos estar na época de colheitas; em contrapartida os taxistas à saída disseram-me que eles mais facilmente me atropelavam… Vá, eu conto-vos o que aconteceu: ouvi estas patranhas, dei cinco passos e apanhei imediatamente boleia de uma senhora que ia cheia de pressa, ali a abrir à grande por aquela que bem podia ser a estrada mais estreita deste país, e cheguei em dez minutos ao destino.

 

 

Antes de me retirar queria deixar aqui três preciosas constatações. Em primeiro lugar descobri que o champô de eleição dos metaleiros é o Garnier, Fructis. Outra: achei absolutamente brilhante a presença de uma roulotte de farturas, ainda por cima cor-de-rosa, à porta do cemitério! Se algum dia me der na telha ter a bíblica atitude de ressuscitar, sem dúvida que o meu primeiro pensamento será: Mas afinal onde é que eu posso arranjar uns bons churros para encher o bandulho?! E há que salientar, ainda, que este festival tinha a equipa de segurança mais simpática que já se viu (que me deixava entrar sempre no poço de fotografia, mesmo sem ter a credencial de fotógrafo – hei-de matar carinhosamente quem teve o lapso), bem como uns organizadores fantásticos (que sorriam placidamente enquanto eu pilhava a tenda de imprensa, que nem um Visigodo)! Assim, podemos concluir que no seu segundo aniversário o Reverence já é um menino crescido e com muitas cartas para dar!

P.S.: Também podia referir que para animar a zona da restauração havia o Sálon Fuzz, com Dj sets das duas da tarde até altas horas da madrugada, mas sinceramente já não sei onde enfiar com tal informação!…

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