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Educação

APRENDER SOBRE O ESTADO NOVO: CONHECER PARA PROMOVER A PAZ

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Uma ditadura opressora

Maria Ferreira nasceu em 1929, em Chaves e sentiu na pele o Estado Novo. Filha de um funcionário público conta-nos que o seu pai foi preso, pelo menos, duas vezes sem ter direito a um julgamento, referindo o enorme clima de insegurança vivido na época.

 A PIDE estava em todo o lado. “Nós não podíamos estar em conjunto… Podíamos estar a falar de religião, podíamos estar a falar de outra coisa qualquer, mas, como havia sempre bufos, muitas vezes, uma pessoa ia presa, que nem sequer estava a discutir política, mas eles entendiam que estavam em conjunto e que deviam, com certeza, estar. As pessoas, quando são más, estão a pensar que os outros fazem a mesma coisa que eles fariam no nosso lugar, por conseguinte, eram presos inocentes e, além de presos, ainda lhes batiam barbaramente e alguns nem escapavam.”

Ainda que atualmente se possa considerar que existe liberdade, durante o regime ditatorial salazarista, a censura era constante. E a educação não fugia à regra. “Penso que isto acontecia porque o Governo no tempo do Salazarismo (…) tinha «medo» de ser derrubado pela população portuguesa, por isso é que existia a PIDE; aprisionavam todos aqueles que se manifestassem contra o Governo e na educação, porque é através desta que as pessoas deixam de se tornar ignorantes e tomam mais consciência do mundo à sua volta.”, comenta Jéssica Silva, estudante do 1º ano de Novas Tecnologias da Comunicação, na Universidade de Aveiro.

A importância de aprender sobre o passado

Os programas escolares da disciplina de História englobam, segundo Isabel Pimentel, professora de História do 9º ano numa escola de Penafiel, um conjunto vasto de conceitos, por vezes, abstratos para a faixa etária dos alunos em questão, sendo que uma abordagem profunda deste tema só é possível no secundário. No ensino deste tipo de matérias nas escolas deveriam ser incluídos testemunhos reais de pessoas que viveram o Estado Novo, pois, de acordo com Maria Ferreira, só assim se pode transmitir a história da forma mais correta.

A professora defende que, em qualquer circunstância, é “imprescindível que cada povo conheça a sua história em todas as suas vertentes, pois ela representa a sua herança cultural.”. O estudo desta matéria torna-se, assim, importante para “que cada cidadão tome plena consciência sobre o valor da Liberdade e a necessidade de tudo fazer para a sua continuidade.”

Jéssica Silva, que estudou Ciências Sociais e Humanas, é da opinião que no 12º ano é possível ter uma postura mais alertada sobre este tipo de regimes, pois “para nós, a liberdade não tem custo e nem nos custou a ganhá-la. Os jovens precisam de ter a mais consciente perceção deste Regimes Fascistas, pois são eles que irão criar o mundo futuro.” A estudante destaca ainda a importância deste ter sido um dos capítulos da história portuguesa que mais contribuiu para a sua aprendizagem, uma vez que a “preparou imenso enquanto cidadã e aluna.”

A importância da educação para a paz

“A falta de liberdade e a repressão são sinónimos de Estados Totalitários e Ditatoriais cujos princípios defendidos não se coadunam, de forma alguma, com a Educação para a Paz mas sim, para a violência.”, salienta Isabel Pimentel, que acredita que a Paz deve seguir o lema “Todos diferentes, todos iguais”.

Deste modo, educar para um mundo com mais Paz implica conhecer a história e as “motivações que levam à existência de conflitos bélicos, étnicos, raciais, e fanatismos radicais e suas consequências catastróficas. Só assim se poderá dar valor à Paz.”,

No fundo, a educação para a Paz deve ser tida em conta como o respeito pelo Outro, compreensão, solidariedade e aceitação. Segundo Maria Ferreira, “tem de haver compreensão sem haver uma agressão.”, já que, “a maneira de entender a paz muda de país para país, de cultura para cultura.”, conforme afirma Jéssica Silva.

Tanto Isabel Pimentel, como Maria Ferreira e Jéssica Silva afirmam que a educação para a Paz também está relacionada com a nossa formação enquanto indivíduo e com aquilo que aprendemos através dos nossos pais, “a fim de que todos assumam as suas responsabilidades na manutenção da paz.”, defende a professora.

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