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Cultura

VIAGENS SONORAS NO SEGUNDO DIA DO PRIMAVERA SOUND

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O dia de enchente do NOS Primavera Sound começou com os portugueses First Breath After Coma no Palco Super Bock. Salty Eyes, a abrir, em forma de hino. Entre os que estavam de pé e os sentados na inclinação de relva, a opinião geral foi bastante positiva. Houve tempo de chamar Noiserv ao palco para se cantar a sua música conjunta, Umbrae. No fim do concerto, acordados do coma, o público movia-se para os outros palcos. Pond tocaria daí a uns minutos, quase ao mesmo tempo que o americano de indie rock Jeremy Jay abria o Palco..

Os músicos australianos, “irmãos” de Tame Impala, entravam em palco e o público da frente já gritava. Com Nick Allbrook à esquerda no palco, sempre com o seu estilo muito próprio, os Pond cantaram temas antigos e do novo álbum, lançado este ano, dando doses de psicadelismo a quem os ouvia. Para os fãs dos membros destas bandas, o público ficou contente quando Jay Watson, membro também de Tame Impala e do seu projeto a solo, GUM, cantou uma música. Já cometendo o pecado de olhar para o sol e ficar cego, como dita a música, as gentes moviam-se para outros palcos. Quem queria continuar a relaxar na relva com o sol a bater e levar uma terapia de pop, decidiu-se por Whitney, em vez dos confusos Royal Trux.

Whitney, banda norte-americana de um pop renovado dos anos 70, entrou em palco em formato banda, com sopros e taclados. Com um carinho especial do público, arriscaram-se a dizer que gostavam um pouco mais de Lisboa do que do Porto. Não faz mal. Num concerto em que os membros estavam de direta devido a um concerto no dia anterior em Itália, houve tempo e lugar para um beijo entre o baterista/vocalista e o baixista; também ainda para chamar ao palco Ambrose Kenny Smith, membro dos King Gizzard & The Lizard Wizard, para solar na harmónica. Um concerto de muito carinho, deixando quem os via a cantar para si Golden Days por alguns minutos.

Royal Trux, no Palco., com menos gente a assistir e com pouca reação, davam um concerto com improvisação e confusão no palco. Arrisca-se a dizer que o seu estado não era de sobriedade, revisitando as “profundezas do rock and roll”.

Angel Olsen, a prodígio do folk, entrava quase às 20h no palco NOS. Com muito sol a banhar o Parque da Cidade, muitos não perderam oportunidade de ver a artista que já fez residência artística em Portugal. Os músicos vestidos a rigor, o folk-country mexido em cima do palco, a voz harmoniosa de Angel; as condições suficientes para se ver o concerto desta cantora.

Dois palcos ao lado começaram Sleaford Mods, o duo britânico de rap-punk, sem medo de conter as palavras, brotava batidas fortes, usava e abusava do microfone.

Antes de se ir jantar para ver o concerto de Swans ou Bon Iver, deu-se um saltinho ao Palco Pitchfork, que abria com Nikki Lane. A cantora norte-americana, dona de um country de fazer inveja, cantava e encantava os que assistiam. De chapéu de cowboy na cabeça, ela e os seus músicos, transmitiam sensações do western; fechando os olhos, imaginava-se a conduzir pelo deserto com esta banda sonora.

A hora chegou. Para muitos, uma decisão básica, para outros tantos, só a última hora deu rumo. Swans ou Bon Iver? Por um lado, os veteranos liderados por Michael Gira, no seu rock que quebra regras ou limites do estilo; por outro, a melancolia e o sentimento de Bon Iver, projeto criado após uma separação de banda e namorada. Swans, em noite de lua cheia, bafejaram os que os ouviam com um som pesado e denso, de uma intensidade sonora apenas sentida. O público, que aos seus ouvidos chegava a música destes que, provavelmente, vai ser difícil cá voltarem, parecia que estava numa sentença liderada pelo juíz Michael Gira, acompanhado dos restantes membros, numa nuvem de power chords e percussões sinistras. Um transe. Bon Iver, por sua vez, tocava no Palco NOS as músicas do seu mais recente álbum, “22, A Million”, mas também músicas mais antigas e conhecidas do público, como Holocene ou Minnesota, WI. Acabou com Skinny Love, a sua imagem. Tal como as decisões dividas, também as opiniões acerca deste concerto se dividiram. Para aqueles que foram quase exclusivamente para Bon Iver, foi um momento épico, sentido e bonito, algo digno de se apreciar e sentir sem fundo; para os que foram sem muitas bases e conhecimentos deste conjunto, foi um concerto entediante, sem capacidade de sentir alguma coisa que fosse.

Tempo e espaço para digerir estes dois concertos, à sua maneira, seguiu-se Skepta e Hamilton Leithauser. Skepta, o britânico, “rei do grime”, deu um espetáculo de batidas intensas e de iluminação no extremo do espetro eletromagnético. Hamilton Leithauser, ex-Walkmen, afirmava-se com A 1000 Times, música que tem andando a ecoar nos ouvidos das pessoas.

Outra decisão estava prestes a ser tomada. O septeto australiano ou o senhor da eletrónica? King Gizzard & The Wizard Lizard, repetentes em Portugal, abriram com Rattlesnake, cantada por quase todos os presentes. A banda, que encheu aquele palco e tem a ambição de editar cinco álbuns em 2017, explodiu uma energia palco fora. Na frente, sentia-se o calor do mosh e do crowd surf e o cheiro da relva pisada. Revisitando temas do último álbum, muitos cantavam as letras, os riffs e os acordes. Pelo ritmo dançante de The River terminaram estes músicos de rock psicadélico. Pediu-se mais uma. Não houve. Nicolas Jaar, o cabeça de cartaz deste dia, não revisitou muito as músicas mais conhecidas, mas para os amantes da eletrónica, o nova-iorquino fez o que melhor sabe fazer: explorar a maquinaria à sua frente. Com jogos de luzes intensos, foi construindo a música e o espetáculo que a envolvia, pesquisando a sonoridade adequada, experimentando e pondo a dançar. Houve quem tivesse ficado desiludido, houve quem não. Assim é a música.

A noite seguiu em formato eletrónico com Richie Hawtin – CLOSE e Mano Le Tough no Palco Pitchfork.

Hoje espera-se Aphex Twin. Aphex Twin, Japandroids, Elza Soares, Growlers, entre outros.

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2 Comments

2 Comments

  1. Jorge Morais

    12 Jun 2017 at 0:14

    o Hamilton Leithauser, nao é ex vampire weekend é ex the walkmen. Colaborou com Rostman, um ex vampire weekend, na A 1000 Times. Muito fixe as cronicas 🙂

    • Renata Monteiro

      15 Jun 2017 at 23:41

      Olá Jorge,
      Tem toda a razão, já corrigimos! Muito obrigada, continue atento.

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