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Cultura

AO TERCEIRO DIA, O PAREDES CONTINUA VIVO

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Às 13 horas já o terceiro dia do festival Vodafone Paredes de Coura havia arrancado. Mais uma vez junto ao rio e mais uma vez com interpretação de textos e poemas. Desta, foram Marta Ren Miguel Guedes os interpretes. O palco Jazz na relva só parou às 17, hora da conclusão da atuação do pianista Paulo BarrosAntes, às 15, já os vimaranenses El Rupe tinham dado música às centenas que se juntavam nas margens do rio Taboão, à espera da hora de abertura do recinto.

O rock dançável de Cave Story e o som groovy de Bruno Pernadas inauguraram o palco secundário e principal, respetivamente. O público, na sua grande maioria, assistiu ao concerto de Pernadas sentado. De facto, a sua música convida a isso mesmo. Relaxante e convidativo—assim o foi durante todo o concerto. Os longos solos de guitarra e saxofone foram alvos de grandes aplausos por parte do público.

Entretanto, no palco Vodafone FM começava o concerto de Andy Shauf, sobrepondo-se ao de Bruno Pernadas. O Canadiano, tímido como é habitual, continuou a vertente calma, relaxante e de baixa intensidade que se fazia sentir em Paredes de Coura.

Young Fathers fizeram o hip hop (muito presente nesta edição do festival) regressar às 19:40. É essa a hora do óbito dos concertos de menor intensidade. Os escoceses cantaram Get Up praticamente no início do seu concerto, e o público obedeceu. A minoria passou a ser as pessoas que optavam por continuar sentadas, ao contrário do que aconteceu durante o concerto de Bruno Pernadas. 

Terminaram o seu concerto praticamente na mesma altura da subida em palco dos repetentes Moon Duo (repetentes porque já haviam tocado neste terceiro dia do festival Vodafone Paredes de Coura – de tarde, na vila. Um concerto integrado na iniciativa Vodafone Music Sessions). Agora, o rock psicadélico dos norte-americanos arrastava muita gente ao palco secundário.

No palco principal esperava-se a hora de ouvir um dos grandes nomes da noite e do festival: BadBadNotGood. A fusão de jazz hip hop dos canadianos fez entrar cada vez mais público no recinto, num dia que começou com menor afluência comparativamente ao dia anterior.
A improvisação marcou este concerto, com longos solos de todos os instrumentos, quase que à vez, como manda o jazz. Longos, mas sem cansar. Não cansa ver talento, e todos os elementos deste grupo musical têm-no para dar e vender. Uma dream team do jazz, capaz de se superar a cada concerto.

Octa Push tinha encontro marcado com o público às 22:20, mas uma parte significativa deste apareceu atrasada ao encontro. A culpa foi dos BadBadNotGood, que só acabaram o seu concerto às 22:23. Ainda assim, chegaram bem a tempo de entrar na pista de dança que os portugueses montaram no palco Vodafone FM. A experiência sonora dos Octa Push é difícil de rotular, mas fácil de abraçar. Poucos eram os que não dançavam durante o seu concerto.

Ainda decorria o concerto de Octa Push quando os Japandroids, mais uma banda canadiana, subiram ao palco principal. Ofereceram um concerto completamente diferente aquele que os seus conterrâneos BadBadNotGood tinham acabado de dar, desde logo pela simplicidade das suas músicas. Uma guitarra e uma bateria. Assim se faz o garage rock da penúltima banda a dar música nesta noite. Foram os primeiros e únicos a fazer o público levantar poeira no anfiteatro natural de Paredes de Coura. A culpa era dos moshes constantes, que neste festival parecem acontecer por tudo e por nada.

Era 00:45 e nem sinal dos Beach House, os cabeças de cartaz deste terceiro dia. O público respondeu com assobios e alguma impaciência. Tudo foi perdoado quando efetivamente apareceram e fizeram regressar os concertos baixa intensidade. A dupla de pop norte-americana fez assim com que o público se voltasse a sentar. Foi uma má noite para os fumadores: certamente não houve isqueiro que tenha sobrevivido ao concerto, tantos eram os que se viam na multidão. Também se viam muitas lâmpadas no ar durante o concerto, movendo-se ao ritmo da música.

As After-Hours do terceiro dia – que começaram mais tarde do que o previsto graças ao atraso de Beach House. ficaram a cargo da música eletrónica. O alemão Roosevelt e os israelitas Red Axes ficaram a dar abrigo a quem não queria ir dormir.

Amanhã é o último dia de festival. A enchente é certa: os bilhetes estão esgotados. Benjamin Clementine, Ty Segall Foals são alguns dos nomes capazes de fazer valer a pena o valor do ingresso.