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Cultura

PORTO POST DOC: CURTAS DEBAIXO DAS ESTRELAS

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Mice And The Moon, de Asya Dyro e Andrew Shokhan, foi a primeira curta apresentada na tarde de experiências full dome. Este filme contava a história de dois ratos, Peep e Chip, que queriam aprender sobre a lua, que para eles se assemelhava a um grande queijo que alguém andava a trincar ao longo do mês.

De seguida, deu-se a exibição de Sonolumin, de Diana Reichenbach, e Dreams Of Plants, de Anthony Lyons e Paul Fletcher. Ambas as curtas consistiam em interpretações abstratas da luz, do som e do espaço.

Nós Estamos Aqui: Pálido Ponto Azul é o projeto final da tese de mestrado de Tânia Cunha. A autora apresentou a sessão e fez uma breve referência ao que a motivou. A curta da aluna de Design de Imagem da FBAUP é inspirada no texto de Carl Sagan sobre o Pale Blue Dot e explora a nossa existência no universo e como somos pequenos no panorama geral. O objetivo da jovem era “despertar o interesse pelo pensamento próprio e pela astronomia”.

Às curtas abstratas anteriores juntou-se Between Heaven And Earth, da autoria de Wilfried Jentzsch. Este filme é inspirado num verso de Lao Tse, da obra “Tao, O Rei” e baseia-se no conceito cósmico. A música da curta consiste nos sons do prato chinês, pássaros, vocais sagrados medievais e novos sons gerados digitalmente. Quanto à imagem, o design consiste em gráficos em movimento e as imagens baseiam-se em pequenas partículas cósmicas.

A Escola Superior de Artes e Design (ESAD) marcou uma presença forte com 5 curtas de animação em full dome. A primeira Impressão Digital dos Astros, uma colaboração de Ana Freitas, Diogo Valente e João Parra que adotou uma perspetiva informativa sobre a espectroscopia (divisão da luz nas suas cores) das estrelas.

Seguiu-se o projeto de Luis Abaladas e Paula Alverez Alves – A Estrutura do Universo – que reforçou a ideia de que ainda conhecemos muito pouco sobre o universo, uma vez que “75% do cosmos é composto por energia e matéria escura”.  Já A Cor das Estrelas procura desmentir a ideia de que as estrelas são todas brancas e explicar como a sua cor se relaciona com a sua temperatura. Este projeto foi criado por Ana Pereira, Ana Cunha e Ewerton Rudnick e também se insere nas curtas da ESAD.

As duas últimas curtas da ESAD foram abordagens também informativas, contudo mais personificadas do que as anteriores. Orbitar foi o projeto resultante da colaboração de Catarina Barros, Gonçalo Guimarães, Diogo Machado e Beatriz Rodrigues. Esta curta acompanha o trajeto do cometa Swift-Turttle pela sua órbita no sistema solar e revela o ano em que este se vai cruzar com a Terra.

Por último, Órion e Escorpião é uma adaptação da história grega do caçador Órion que explica a origem da constelação homónima. Os autores da curta que encerrou a sessão são Marlene Canto, Luís Viana e Vasco Soares.

SarapantaChasing the Northern Lights

Imagem do Instagram de Cristiano Saturno

Imagem do Instagram de Cristiano Saturno

Sarapanta foi a longa metragem de Cristiano Saturno exibida já debaixo do céu noturno de ontem, na cúpula do Planetário.

“O Cristiano caça auroras como quem procura água no deserto”

A sessão, que a meio da tarde já tinha esgotado, foi apresentada por Sílvio Fernandes, que Cristiano considera um coprodutor da longa e a quem confiou esta tarefa uma vez que se encontra no Alaska. Depois de referir alguns momentos cómicos da amizade íntima que têm, Sílvio reflete: “o Cristiano é um génio, e como qualquer génio que se preze, todos os dias me aparecia com ideias em ‘catadufa’. Umas fantásticas, outras estapafúrdias de todo. É como se o cérebro dele estivesse permanentemente num brainstorming.”

Sobre o filme, o amigo acrescentou: “o meu papel, basicamente, foi o de orientar. Provavelmente já vi o filme umas 40 vezes e ainda não me fartei. Além da beleza da imagética e da envolvência da banda sonora, é um filme que nos remete sempre para algo etéreo, puro e terrivelmente honesto. Sarapanta é Cristiano, sem truques, sem ficção, só o coração. É um filme que nos mostra que o mundo pode ser do tamanho que nós quisermos, desde que estejamos disponíveis para procurá-lo. Sarapanta mostra-nos aquilo que qualquer pessoa é capaz de fazer, mas, ao mesmo tempo, também nos ensina que para fazer acontecer não basta sonhar; é preciso meter pés ao caminho, desligarmo-nos do mundo virtual e correr o mundo real”.

Este documentário retrata a viajem do autor e protagonista, Cristiano Saturno, ao Alasca para ver as Auroras Boreais. Para além de mostrar a beleza deste fenómeno natural e a paciência e persistência necessárias para lidar com as dificuldades, Sarapanta oferece a perspetiva dos habitantes locais em relação a esta “magia” celestial.

Sílvio Fernandes completou: “o Cristiano caça auroras como quem procura água no deserto. Mais do que um chamamento, é já uma necessidade de tal modo avassaladora que já encontrou forma de ir trabalhar uns tempos para perto do Alasca, onde anda a comer carne de alce e a esperar que o horário expediente chegue ao fim, para voar atrás do que o move – um mundo do tamanho do seu sonho – e falar com os pássaros”.

A mensagem principal que Cristiano pretende passar é a de contemplação – o autor desafia os espectadores a deixarem os touchscreens e a se envolverem no ambiente que os rodeia.

O filme não só documenta os 45 dias de Cristiano no Alasca, como encoraja os espectadores a partirem na aventura de apreciarem a natureza e o mundo real em vez do virtual. Sarapanta – Chasing The Northern Lights volta a ser transmitido no domingo, pelas 17h00, no Passos Manuel.