O SBSR DE EDDIE VEDDER

No segundo dia do Super Bock Super Rock, a tarde começa com os jovens portugueses For Pete Sake. Às 18:30h em ponto, o grupo de Lisboa abre o Palco EDP com uma boa dose de rock nacional. A energética vocalista conquistou os que ainda não a conheciam, que se dizem “nice to meet you”, e manteve o fascínio dos fãs da banda presentes. “Something on your mind” foi um dos pontos altos do concerto, assim como “Got Soul”, o tema de lançamento da banda. For Pete Sake saltaram do anonimato para o palco do SBSR graças à campanha da EDP, na qual o single se difundiu.

No mesmo palco, segue-se Joe Satriani. Numa mudança automática de público, as fãs mais ferrenhos do rock n’ roll ocuparam as filas da frente, num concerto que contou com a energia ininterrupta do guitarrista até aos últimos acordes. Satriani era uma das grandes atrações do dia e o público em nada se diz desiludido.

A tarde acabou em grande para os festivaleiros do Meco.

Já no palco principal o público começa a juntar-se. As primeiras filas estão já preenchidas por aqueles que percorreram o país para ver Eddie Vedder. É o dia do vocalista dos Pearl Jam, ninguém o nega.

Às 20:00h, entra em palco a vocalista dos Cults, ao estilo boneca de porcelana de vestido branco, fazendo-se acompanhar pela banda. Foi o primeiro concerto da banda em Portugal, após quatro anos de uma carreira que se tem construído com cada vez mais sucesso. O som alternativo da banda americana foi bem recebido no Meco, mas o concerto manteve-se parado, com uma batida que apenas fazia bater o pé.

Enquanto Pulled Apart by Horses atuavam no Palco EDP, The Legendary Tigerman trazia os amigos para o palco principal. Acompanhado por um quarteto de cordas e demais instrumentistas, o músico português correu o seu reportório, entre novos temas do albúm True e saudosas músicas de Femina. O público entoou em plenos pulmões “Then come the pain”, sem que a chuva demovesse alguém.

The Legendary brinda o público do SBSR com “These boots are made for waking”, o clássico de Nancy Sinatra a que já nos habituou. O cantor presta jus à sua “santíssima caridade, o rock n’ roll”. O concerto acaba com uma longa versão de “21st Century Rock N’ Roll”, com tempo para o músico passar à beira do público e finalizar a atuação em cima da bateria.

Dez minutos depois das onze, Woodkid traz a “poupa e circunstância” ao palco Super Bock. A teatralidade eletrónica da banda deixa o público em êxtase desde a primeira batida. Ouve-se o novo single “Volcano” e os clássicos “I Love You” e “The Golden Age”. Após o palco lisboeta e o último concerto da sua tour, os Woodkid seguiram para casa ainda com o público a entoar “Run Boy Run”.

Entretanto a chuva provocara estragos no palco EDP. Sleigh Bells, por momentos quase porta-vozes do Festival, comunicam uma série de atrasos nos dois palcos. Após longos minutos, é atrasado o concerto de Cat Power, arrastando consigo o início dos concertos de Eddie Vedder e Sleigh Bells. Junto ao palco principal, a mudança não é bem recebida.

Cat Power sobe ao Palco EDP depois da uma, enquanto alguns fãs ameaçam abandonar o palco principal. O concerto foi curto, que o público diz ter “sabido a pouco”. Para compensar, Cat aparecerá no grande palco, a convite de Eddie Vedder, para cantar o dueto “Tonight You Belong To Me”.

Mal se ouvem os passos do cantor em palco, o público esquece e perdoa a espera. O palco assemelha-se a uma sala de estar, na qual Eddie canta, fala e brinca com o público, como velhos amigos de infância. O vocalista dos Pearl Jam movera grande parte do público presente no segundo dia do Festival, o que tornara o público mais adulto.

Eddie não poupou em tempo nem em músicas. Ao longo de quase duas horas e meia de concerto, o músico tocou cerca de 30 temas. Não faltou nenhuma: para além dos já esperados sucessos dos Pearl Jam (“Just Breathe”, “Last Kiss” e “Better Man”), Eddie surpreendeu ao desafiar o público a cantar “Black”. A banda sonora de “Into The Wild” levou carimbo de ouro por parte do público, assim como o português que o cantor se esforçou por falar. Inesperadamente, Eddie Vedder chamou a palco The Legendary Tigerman, com quem protagonizou um poderoso dueto de guitarristas.

Entre apelos à paz e revelações pessoais, Eddie viu-se surpreendido pelo público do Festival que empenhou cartazes com “peace” e “love”. Seguiu-se o momento alto da noite, que se ficou a dever ao tema “Imagine” de John Lennon. Pela primeira vez, Eddie Vedder fez a cover daquela que é, para si, a “letra mais poderosa que alguma vez foi escrita”. O público entoou cada palavra, até ao fim do tema.

Após dois encores, o músico americano deixou, às 4:30h, o Super Bock Super Rock, com um concerto que marcará a história do Festival.

No palco EDP, houve finalmente tempo para os Sleigh Bells. Apesar do atraso, os fãs lá estavam e permaneceram até ao fim do pequeno concerto, encurtado pelo voo de regresso da banda.

O último dia do Super Bock Super Rock chegou. Kasabian, Foals e The Kills vão passar pelo palco principal na despedida da edição de 2014 do Festival.