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Cultura

BODYSPACE: “QUEREMOS SAIR DO ‘WWW’ E FAZER COISAS ACONTECER”

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10575276_10154577217330035_4402705715124323359_oO Bodyspace é um site de música; como é que surgiu esta ideia?

O Bodyspace nasceu há 12 anos, feitos em Agosto. Eu não sou membro fundador, não estou lá desde o início, entrei passado um ano e meio, dois anos, como colaborador normal e durante muitos anos foi apenas uma webzine, limitava-se a fazer críticas de música, artigos de opinião, esse tipo de coisas; nos últimos 4/5 anos o paradigma mudou e tentámos passar do ‘www’ para começar a fazer concertos, a fazer a videoteca, que entretanto ganhou grande expressão; quisemos transformar aquilo que era apenas uma webzine, e que irá sempre continuar a ser porque é a base do Bodyspace, também num agente cultural. Não é uma promotora, o Bodyspace não promove bandas, não é isso que fazemos; fazemos sim a curadoria de pequenos festivais e ciclos de concertos. Durante três anos organizámos o ‘Bodyspace Au Lait’, com concertos, por exemplo. Tudo isto para explicar que o Bodyspace não se circunscreve à web, temos tentado sair daí, não para o papel, mas para os palcos.

 

Vocês descobrem novos talentos. É um pouco isso que fizeram no d’Bandada, com o três concertos que organizam no Café Au Lait…

Sim, tivemos três concertos, os White Haus, os Lasers e os Holy Nothing.

 

É fácil encontrar talentos?

É mais fácil agora. Há 10 anos atrás as bandas limitavam-se a gravar uma demo e esperar que aquilo, por algo força mágica, fosse parar a uma editora ou a uma revista. Hoje em dia, as plataformas que existem, desde Facebook, SoundCloud, fazem com que a informação circule com uma velocidade estonteante; em meia hora na internet, a ler o feed no Facebook, temos acesso a 35 bandas diferentes num ápice. A forma como hoje em dia as bandas chegam, com mais webzine, mais rádios, com tudo mais, é muito mais eficaz. Por outro lado é mais difícil e criterioso o trabalho de seleção do que realmente interessa. O Bodyspace é bombardeado todos os dias com mails de bandas que, muito bem e muito legitimamente, querem mostrar o seu trabalho. É cada vez mais fácil descobrir talentos porque há mais salas no Porto, mais salas em Lisboa, há mais pequenas promotoras e sobretudo há um esforço maior de promoção das bandas.

 

As organizações dos festivais são permeáveis a estes novos talentos?

Tudo depende da escala dos festivais; um festival como o NOS Alive, apesar de poder ter nomes que não dizem nada à grande maioria do público, serão bandas já com alguma exposição. Um evento como o d’Bandada é melhor nesse sentido, tenho a certeza que 10 ou 15 nomes não dizem rigorosamente nada a 90% das pessoas. Depende muito da escala. Não espero ir ao Alive ver uma banda que acabou de lançar um EP há 10 dias, o d’Bandada permite isso.

 

O Bodyspace tem uma procura maior pela música independente. Continua a haver espaço para o mainstream?

Houve sempre. O Bodyspace é uma coisa muito orgânica, tem muitos colaboradores e eles têm independência suficiente para fazer aquilo que querem. É óbvio que faz parte de cada um e do seu critério perceber o que é o Bodyspace e qual a sua linha editorial, mas não temos nada necessariamente contra o mainstream. Há muitas bandas que estão no mercado das grandes editoras. Dead Combo, por exemplo, passam a estar com a Universal e ninguém diria que mudaram fosse o que fosse por causa disso. O mainstream é uma coisa muito relativa, é um terreno um bocadinho pantanoso de definir. Temos uma inclinação óbvia para música independente, faz parte de nós desde o início, mas não distinguimos a música por ser independente ou mainstream. Para nós é tudo música, se tem qualidade suficiente é indiferente de onde vem.

 

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Acha que a tendência de cantar em inglês, que se verifica em muitas bandas nacionais, pode ser uma porta aberta? O Bodyspace escreve em português no site; pode isso ser um entrave a ter mais leitores?

Atualmente tenho até a sensação de que as bandas cantam cada vez mais em português, invertendo uma tendência que se verificou até há uns anos atrás de cantar muito em inglês. A língua não me parece um impedimento quando a música é boa. É óbvio que abre todo um mercado uma banda que cante em inglês. Pensemos no JP Simões, é um tipo de música que vive muito da palavra e se cantasse em inglês a expansão seria maior. Tudo o que viva da palavra está mais circunscrito e é o caso do Bodyspace, que não pode ser, à partida, lido mais do que em Portugal, Brasil, Espanha… Daí a língua ser um elemento de expansão, isso é óbvio.

 

O NOS d’Bandada conta com a vossa ajuda na organização. Que outro tipo de coisas já tiveram o Bodyspace por trás, a fazer acontecer?

Organizamos muitos concertos em Lisboa, no Porto, no Passos Manuel, Maus Hábitos, Café Au Lait, onde, como já referi, organizámos o Bodyspace Au Lait, com concertos as 19h de Domingo, com grande sucesso mas que entretanto acabou. Há 4 anos que programamos 4 ou 5 concertos no Serralves em Festa. Há 2 anos fizemos a programação do d’Bandada e fizemos uma compilação para a Optimus Discos, aquando do nosso décimo aniversário. Este ano fazemos de novo o d’Bandada. Fizemos concertos em Guimarães, quando foi Capital Europeia da Cultura, bem como no ano seguinte. Vão aparecendo coisas e nós queremos cada vez mais assumir este papel de programadores, mas nunca de promotores, que não é de facto o nosso perfil, não é isso que queremos fazer. É algo que nos agrada cada vez mais, estar fora do www e, em vez de escrever sobre o que acontece, fazer coisas acontecer. Queremos ter um papel não só na cultura do Porto, cidade onde temos sede, mas na cultura nacional, ainda que com poucos recursos, uma vez que não há lucros no Bodyspace.

 

Podemos então continuar a contar com o Bodyspace em eventos como o NOS d’Bandada

Sim, eu espero que sim! Há coisas que somos convidados a fazer, mas há coisas que temos de fazer por nós próprios. O Maus Hábitos e o Café Au Lait são as casas onde temos feito mais coisas, são portas abertas para nós. Queremos sair do www e fazer coisas acontecer

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