Connect with us

Cultura

Primavera Sound Porto 2023: uma amálgama de géneros musicais e muita chuva no segundo dia do festival

Published

on

O segundo dia de festival (08/06) contou com a presença de milhares de pessoas, entre as quais uma grande percentagem de estrangeiros. Os festivaleiros puderam desfrutar de muita música em todos os cinco palcos: Porto, Vodafone, Super Bock, Plenitude e BITS. As portas abriram às 16 horas, mas já antes se vislumbravam várias pessoas a formar fila.

Apesar das previsões, o dia começou com sol, o que deu esperança aos festivaleiros que lidaram com as chuvas fortes do dia anterior. Sem gritos nem confusões, mas com a correria habitual para ficarem o mais à frente possível, vários fãs foram assegurar o seu lugar na primeira fila do palco Porto para ver a cabeça de cartaz, Rosalía.

Quem não quis ficar na fila da frente, foi entrando durante a tarde e deambulando pelos vários palcos, no novo e maior recinto do Primavera Sound Porto. Pelas 17h45, pouco depois das portas abrirem, The Beths subiram ao palco Super Bock e protagonizaram uma das surpresas do dia. Com o sol a brilhar, foram aplaudidos por uma multidão bem composta. A banda de indie rock da Nova Zelândia mostrou-se muito contente pela receção calorosa que recebeu do público português, terminando o concerto com o seu maior sucesso: “Future Me Hates Me”.

Fotografia: Inês Aleixo

Com o cair da noite a aproximar-se, o recinto foi ficando progressivamente mais cheio. No palco Plenitude, The Murder Capital e Gaz Coombes foram as menções honrosas. Mais uma vez o público deste festival mostrou ser aberto a novas experiências e receber sempre bem os artistas em ascenção. Os aplausos calorosos e vários gritos foram a prova que estes artistas regressaram a casa com mais admiradores.

Fotografia: Inês Aleixo

Por volta das 21 horas, a chuva voltou à cidade do Porto e não a abandonou até ao final do dia. Munidos de capas, casacos e guarda-chuvas, os festivaleiros não deixaram que o mau tempo os impedisse de aproveitar uma noite que se avizinhava longa e com os nomes mais esperados. Novamente no estilo indie rock e novamente no palco Super Bock, Japanese Breakfast aqueceram os ânimos do público. A banda, com raízes coreanas e americanas, já estava familiarizada com Portugal, tendo marcado presença no festival Paredes de Coura, em 2018.

Fotografia: Inês Aleixo

Ainda no palco Super Bock, foi por volta da 1 da manhã que o estilo se alterou e deu lugar ao punk-rock dos Bad Religion. A banda é uma das mais icónicas, mais antigas e mais bem sucedidas deste género musical. Já tendo estado em Portugal um par de vezes, os Bad Religion mostraram entusiasmo como se da primeira vez se tratasse. Ao mesmo tempo que Rosalía cantava no palco Porto, os americanos cantaram êxitos hardcore como “Come Join Us”, “Fuck You” ou “End Of History”, para delírio dos fãs de punk.

Um dos nomes mais aguardados deste segundo dia era Fred Again… O produtor britânico é um dos nomes mais badalados na atualidade e os fãs estavam ansiosos pela sua estreia no nosso país. Fred transformou o palco Vodafone numa verdadeira pista de dança ao ar livre. Com casa cheia, o músico tocou um set que incluiu desde MJ Cole até Disclosure. À medida que as batidas iam aumentando, também a chuva se intensificava, assim como a energia do público, o que culminou num cenário quase cinematográfico.

Fotografia: Inês Aleixo

No palco Porto, a festa fez-se desde pouco antes das 20 horas. Arlo Parks encantou uma multidão já bem composta com a sua doçura e múltiplos agradecimentos a Portugal. A britânica não esqueceu êxitos como “Bruiseless”, “Softly” e “Caroline”, relembrando nesta última a importância da saúde mental. O concerto terminou ainda com sol e com a promessa de um regresso, tendo Arlo afirmado que aquele tinha sido o “melhor concerto da sua vida”.

Antes da cabeça de cartaz, Rosalía, houve ainda tempo para a atuação de The Mars Volta. A banda pouco interagiu com o público, tendo apenas se dirigido a ele uma vez dizendo que também estavam ansiosos para ouvir Rosalía, mas que agora queriam sentir “um pouco de amor”. Apesar desta aparente desconexão com o público, a banda de rock progressivo deu um espetáculo multifacetado, com influências de jazz e soul e com algumas músicas em espanhol. As músicas fundiam-se umas nas outras, sem tempo para pausas, numa amálgama melódica marcada pelos solos de baixo.

O nome mais aguardado da noite chegou quando faltavam quinze minutos para a 1h da manhã. Rosalía é, atualmente, uma das artistas mais bem sucedidas da música pop, estando a consolidar o seu nome na indústria musical passo a passo. A espanhola de 30 anos conta com uma vasta legião de fãs, os apelidados “moto babies”, tendo espalhado a língua espanhola e o seu amor pelo flamenco pelos quatro cantos do mundo.

Rosalía não é nenhuma estranha ao Primavera Sound Porto, tendo marcado presença no cartaz de 2019. Em Portugal, realizou dois concertos em Lisboa e em Braga no ano passado, ambos com casa cheia. O seu estilo evoluiu nos últimos anos, tendo sido o álbum “Motomami” que a catapultou para o sucesso mundial. Foi muito bem recebido pelas críticas em virtude da sua versatilidade de géneros, sem nunca esquecer as influências latinas.

Rosalía entrou em palco com uma máscara na cabeça, à semelhança dos seus bailarinos, dando início ao espetáculo com “Saoko”, e levantando o véu daquilo que seria o resto do concerto: visuais futuristas e muita dança. Em todas as canções, a cantora tinha uma câmara que a seguia, proporcionando um P.O.V. mais próximo e familiar aos fãs nos ecrãs gigantes. Os visuais foram um dos pontos fortes deste concerto.

O espetáculo continuou e nenhum hit foi esquecido: “Bizcochito” e a sua dança viral, “Despechá”, “Con Altura” e “Beso”, uma colaboração com o seu namorado Rauw Alejandro. Na canção “La Noche de Anoche”, uma colaboração com Bad Bunny, a cantora desceu para a primeira fila e cantou com os fãs, que deliraram com a presença tão próxima do seu ídolo. Esta proximidade foi uma constante durante todo o concerto, com Rosalía a falar várias vezes em português e a fazer múltiplos agradecimentos ao público.

Fotografia: Inês Aleixo

Não só da animação do pop e do reggaeton se fez o concerto de Rosalía. A cantora proporcionou vários momentos emotivos, entre eles quando se sentou ao piano e quando cantou uma canção de flamenco, tendo antes falado ao público do seu amor pelo fado português.

Rosalía mostrou-se desprovida de preconceitos e inseguranças, tirando a maquilhagem e molhando o cabelo em palco. A sua simplicidade e sorriso fácil são o que contrasta com a sua figura de poder, criando a combinação perfeita para o sucesso.

Do indie rock, à música de dança e passando pelo punk-rock, assim terminou o segundo dia da décima edição do Primavera Sound Porto. Mais uma vez, os festivaleiros mostraram o seu amor à música e à cidade e provaram que nem a chuva os consegue parar. O terceiro dia, sexta-feira, tem como cabeças de cartaz Pet Shop Boys e Central Cee.

Artigo escrito por Amália Cunha

Conteúdo multimédia por Inês Aleixo