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Cultura

Primavera Sound Porto 2023: O synth-pop reinou no terceiro dia do festival

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Fotografia: Inês Aires

Um dia diferente, e para gostos ecléticos: assim foi o penúltimo dia do Festival Primavera Sound Porto 2023. De rock e R&B a rap e música alternativa, o synth-pop “chegou, viu e venceu”.

Foi o duo britânico Pet Shop Boys que trouxe toda a vivacidade do synth-pop até ao festival. Neil Tennant, vocalista, e Chris Lowe, teclista, recordaram os grandes temas das suas carreiras. Abriram o concerto com “Suburbia”, apresentando-se com adereços e vestuário arrojados. A atuação da dupla, juntamente com a banda, não deixou ninguém indiferente. Êxitos como “It’s a Sin”, “West End Girls”, “Rent” e “Domino Dancing” foram cantados efusivamente pelo público. A onda de êxtase acabou por difundir-se e atrair os olhares dos moradores mais curiosos, que escutavam à janela dos prédios. O espetáculo, além da componente musical, fez sobressair a riqueza visual com imagens que evocavam os tempos de glória do duo. Os Pet Shop Boys lograram um teletransporte até aos anos 80, com um ligeiro toque de música eletrónica. Na despedida, ainda se ouviu em bom português: “Obrigado, Porto!”.

Ainda que o sucesso da prestação da dupla tivesse sido incontestável, houve outras surpresas ao longo do dia.

Durante a tarde, atuaram os Deixem o Pimba em Paz, Blondshell e os My Morning Jacket. Os primeiros, grupo nacional que juntou Bruno Nogueira e Manuela Azevedo, divertiram o público com música do universo pimba. Os momentos cómicos de Nogueira acrescentaram ainda mais ao concerto, assim como a profundidade da voz de Azevedo. Cantaram músicas bem conhecidas dos portugueses, como “Os Bichos da Fazenda”, de Quim Barreiros e “Comunhão de Bens”, da Ágata.

 

Mais tarde, Blondshell subiu ao palco Plenitude. A cantora e a sua banda, estabelecidos em Los Angeles, apresentaram-se em Portugal pela primeira vez e mostraram-se agradecidos pelo convite. De estilo indie rock, cantou “Sober Together”, sobre a amizade e “Dangerous”, sobre a ansiedade. No fim de tarde, My Morning Jacket levou o rock diretamente do Kentucky para o Porto. De cabelos compridos e barbas hirsutas, a banda conquistou os festivaleiros com os solos de guitarra elétrica e a voz versátil do vocalista, Jim James. Ainda experimentaram a vertente country com a canção “Golden”.

Da parte da noite, enquanto a chuva começava já a ameaçar ligeiramente, atuaram os NxWorries, St. Vincent, Central Cee, Tokischa e os já mencionados, Pet Shop Boys. Os NxWorries, dupla americana de R&B e hip-hop, mantiveram uma grande interação com o público, em parte devido ao carisma inigualável de Anderson .Paak. O DJ da dupla, Knxwledge, fez questão de tocar alguns êxitos de Lenny Kravitz, Drake e Whitney Houston. Da autoria do duo, ouviu-se “Underneath the Balcony” e “Daydreaming”. As telas no palco passavam imagens diversificadas e visualmente aprazíveis, que acompanhavam devidamente cada momento da atuação. Anderson .Paak confidenciou ainda, no final do show a sua felicidade por ter atuado no Porto.

Às 23:20, St. Vincent subiu ao palco Vodafone. A  cantora norte-americana de indie rock e pop, fez uma performance com garra e energia impactantes, expondo os seus dotes nos solos de guitarra elétrica. Do seu reportório, cantou “Los Ageless” e “Down”. Este concerto foi um dos que teve uma adesão mais forte, por ter decorrido pouco antes do término do concerto dos Pet Shop Boys. Notou-se, ao longo de todo o espetáculo, a proximidade e o respeito que a artista nutre pelos membros da banda e pelo público, e, sempre que possível, aproveitava para interagir com eles. Quase no fim, quis deixar um breve mas importante conselho: “Eu sei que têm uma longa noite pela frente. Cheguem bem a casa, cuidem uns dos outros. Esta vida é o que temos”.

Mais tarde, Central Cee, divertiu um “mar de gente” jovem. O rapper inglês apresentou um vídeo, onde abordava a vida em West London e dizia com toda a convicção: “Primeiro a família e, logo a seguir, o dinheiro”. O uso de fumo e chamas na extremidade do palco tornou o ambiente mais interessante e misterioso. Cantou êxitos como “Loading”“Let Go”“Doja”, sempre com o apoio dos gritos dos festivaleiros. Contudo, a atuação não correu como esperado, visto que o artista começou o espetáculo muito depois da hora estipulada, 01:20. Entretanto, um DJ britânico atuou até que o rapper se apresentasse. Esta demora comprometeu um pouco o sucesso expectável de Central Cee no palco principal do recinto. Não obstante o concerto ter sido de curta duração, o artista mostrou-se enérgico ao andar, incessantemente, de um lado para o outro.

Por fim, Tokischa, uma das maiores surpresas do dia. Com uma performance despudorada e sensual, a artista e os seus dançarinos prenderam a atenção do público. O espetáculo cativante de dança e música não passou despercebido e rapidamente se formou uma aglomeração considerável nas imediações. A cantora dominicana trouxe toda a alegria latina do dembow, com temas como “Tukuntazo”“Delincuente” e “Linda”, este último em parceria com a espanhola Rosalía. Sobre os ombros, durante a atuação, colocou uma bandeira LGBT+ que lhe foi oferecida por um festivaleiro, mantendo-se sempre fiel à sua causa da liberdade sexual feminina.

Este terceiro dia, foi aquele em que houve menos vendas de bilhetes, ficando marcado por ser o dia com menos público, mas também com menos chuva, até agora. Uma tarde calma e de bom tempo, culminou numa noite onde choveu pouco e de forma esporádica, sem criar os grandes constrangimentos que se deram nas noites anteriores. Foi um momento de celebração da amizade, de encontros, de diversão, e de um cansaço patente do quase fim de um fim-de-semana cheio de música.

O penúltimo dia do festival terminou com o set da DJ Jayda G. A festa continua amanhã com Halsey, Blur, New Order e uma vasta lista de “comes e bebes” e boa disposição.

Artigo por Inês Carolina Gomes de Oliveira

Fotografia por Inês Aires