MÚSICA, PERFORMANCE E “AQUILO QUE VOCÊS QUISEREM”

Às 18h, as dezenas de cadeiras do salão nobre dos Maus Hábitos iam sendo ocupadas por pequenos e graúdos, num ambiente familiar, proporcionado, em parte, pelo domingo soalheiro. Em frente à audiência, dispunham-se cinco cadeiras e incontáveis instrumentos de bolso, destinados a fazer soar arranjos de bandas sonoras de diversos filmes, reportório assumido do grupo.

As conversas entre o público silenciaram-se quando o hino da 20th Century Fox, entoado por cinco vozes, soou, acompanhando a entrada das artistas. Momentos a seguir, uma referência ao “Pan’s Labyrinth” surgiria, antecedendo o célebre início da “Comfortably Numb”.

Através de um humor excecional e de uma musicalidade que tão facilmente relembra grupos como The Chordettes, as artistas fizeram o público viajar até filmes como Vicky Cristina Barcelona, com a canção “Barcelona”, Moulin Rouge, com a terna “La Complainte de la Butte”, e Cidade de Deus, com a agridoce “Preciso Me Encontrar”. Mas se deliciaram os mais velhos com o reportório do seu programa “Bandas Sonoras de Bolso”, também fizeram as vontades aos mais novos, através “Do Bolso de Walt”, com “Noites da Arábia”, de Aladino, “Cruella de Vil” dos 101 Dálmatas e ainda algumas de Cinderella e Mary Poppins.

Dá-se especial destaque aos temas “One”, “Son Of A Preacher Man” e “I’ve Got A Woman”, cujas interpretações e harmonizações foram tão bem conseguidas que chega a ser difícil de acreditar na (ainda) pequena visibilidade do quinteto, composto por Ana Conceição, Beatriz Rola, Catarina Valadas, Patrícia Lestre e Sara Silva.

No entanto, o salão dos Maus Hábitos estava apinhado e o público não poupou nos aplausos e elogios. E não me custa acreditar que seja assim o início de um ambicioso e bem-sucedido projeto.