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Cultura

LINDA MARTINI: “NÃO ÉS SÓ FRUTO DAQUILO QUE OUVES”

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Porquê “Turbo Lento”?

Pedro: Foi um nome que surgiu quando estávamos a gravar, falámos de vários nomes que gostávamos e achámos piada a este. Agora já o conseguimos interpretar de outra forma, mas se quisermos, de uma forma mais imediata podemos interpretá-lo como uma parte da viagem, com o processo de aparecimento do álbum, que foi turbulento.

Citando-vos: “quando o motivo me encontrar, vou pensar em assentar, vou fazer o enxoval”, os Linda Martini já encontraram o seu motivo?

Cláudia: Eu acho que encontramos o nosso motivo desde início, senão não continuávamos. Queremos estar juntos, queremos tocar e enquanto for bom há um motivo para continuar.

Lia há tempos uma outra entrevista onde o Hélio referia que “Turbo Lento” não é o álbum óbvio depois de “Casa Ocupada”. Porquê?

Hélio: Pelo feeling que tínhamos. Penso que o público esperava que fizéssemos algo no seguimento do “Casa Ocupada” e nós fizemos algo diferente de tudo aquilo que já tínhamos feito. Se olhares para a evolução da banda esperarias talvez um álbum mais polido, mais pop e penso que nesse sentido não foi o álbum óbvio.

A Gisela João juntou-se ao vosso Rock. Como é juntar uma voz do fado a uma banda de rock? Como surgiu a ideia?

Hélio: A Gisela é uma fixe, é nossa amiga (risos). Tentámos escolher música que encaixasse na voz dela, ver o que é que dentro do nosso reportório fazia sentido que ela cantasse.

Cláudia: Pediram-nos uma coisa diferente para os concertos do Lux, um convidado, e para fazer algo assim vais buscar alguém realmente diferente, alguém que não esteja dentro do nosso espectro.

Hélio: Imagino que não fosse qualquer fadista que encaixasse neste tipo de música, mas não tem a ver com o tipo de música ou a voz, mas sim com a personalidade.

Qual é a diferença para uma banda tocar em palcos como o Salão Brazil, o Maus Hábitos ou a Tertúlia Castelense, ou em festivais como o Paredes de Coura ou o Super Bock Super Rock?

Pedro: A proximidade. Nestes ambientes vemos as pessoas, vemos os olhos e a expressão delas. Num ambiente como um festival isso já não acontece.

André: Muitas vezes  num festival as pessoas não estão lá para te ver, o que também pode ter o seu lado positivo. Nestes palcos sabes que a probabilidade de só estarem ali fãs teus é muito maior, já conhecem a tua música, é diferente.

Já passaram por tudo quanto é festival e salas de espectáculo deste país. Onde vos falta tocar?

Todos: China! (risos). Nunca fomos muito pretensiosos quanto a isso.

Hélio: Havia um festival onde tínhamos curiosidade em tocar e acabámos por fazê-lo, que foi o Optimus Primavera Sound Barcelona.

Cláudia: Sim, mas acabou por nem ser da forma que queríamos. Tocar às 5 da tarde para um público que não te conhece não é uma sensação muito agradável.

Atentando nas vossas letras denota-se uma clara preocupação com a palavra. Este sempre foi um objectivo? Consideram isso uma parte importante de um bom tema?

Pedro: Sim, claro. Mas antes da letra vem a música e nós só colocamos as letras ali quando achamos que isso faz sentido. Por exemplo, em temas como “Cem Metros Sereia” achámos que ficava bem uma frase apenas ali no final. Quando isso faz sentido, encaixamos a letra, caso não faça sentido, não o fazemos.

Que inspirações vos guiam no trabalho criativo, quer ao nível lírico, quer musical?

Cláudia: Não há nada de específico, é a vida das pessoas, é aquilo que inspira qualquer pessoa que cria.

Hélio: Musicalmente não és só fruto daquilo que vais ouvindo, também és fruto da tua vida e das tuas circunstâncias.

Os Linda Martini estão na lista dos 10 melhores álbuns de rock portugueses, ao lado de nomes como Ornatos Violeta, José Cid ou Rui Veloso. Como recebem notícias deste género?

Hélio: (risos) nem devíamos lá estar! Tal como não nos deixamos afectar demasiado pelas críticas negativas, quando elas são positivas tentamos também não nos empolgar demasiado. Além disso os LM têm uma grande fatia do seu público entre os leitores da Blitz e sempre fomos muito acarinhados por eles, o que já não torna estas notícias uma grande novidade. Mas ficamos contentes, claro.

Concordariam com a classificação dos LM como uma banda de energia melancólica e rock e emocionalmente forte?

Pedro: É energia, é fixe, é rock também…

Hélio: O rock é suposto ser emocionalmente forte. Mas cada um tem a sua definição.

Cláudia: Somos 4 e há 4 opiniões diferentes, é o que fica como resposta a esta pergunta. (risos)

 

Qual o balanço de 10 anos de carreira? Como classificariam este percurso?

André: É bom, olhamos para trás e vermos que faz sentido, é um balanço positivo.

Cláudia: Passaram 9 anos e estamos outra vez aqui no Maus Hábitos…

Hélio: 4 anos sem editar um álbum pode ser perigoso para uma banda e, para nós, até isso resultou bem. Acho que as coisas têm corrido bem, com o timing certo.