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Educação

Médias da 1ª fase dos Exames Nacionais surpreendem pela positiva

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No dia 19 de julho o Ministério da Educação divulgou os resultados obtidos na 1ª fase dos exames nacionais. De um modo geral, as notas médias nos exames subiram em sete das 24 disciplinas. Este ano houve um total de 267.108 inscrições nos Exames Nacionais e cerca de 22,5% de faltas. Considerando todos os exames realizados, houve uma descida na média nacional de duas centésimas. Por outro lado, tendo em conta apenas as variações dos exames com mais alunos inscritos (Matemática A, Português, Biologia e Geologia e Física e Química A), a variação é significativa, na ordem de 1 valor, o que pode refletir-se nas médias de candidatura ao Ensino Superior.

Médias sobem a Física e Química A e Matemática A

Física e Química A era a única disciplina com média negativa no ano de 2021 – 9,8 valores. Agora situa-se nos 11,7 valores. Apesar desta subida na média da disciplina, a Associação Portuguesa de Professores de Física e Química (APPFQ) pronunciou-se sobre a longa extensão do exame, mas a nível de conteúdo consideraram-no adequado e equilibrado. De acordo com a presidente da APPFQ, Ana Carla Campos, a extensão da prova acabou por prejudicar os melhores alunos e “não dificultou a vida” do aluno médio. Das 32.853 provas realizadas, somente 5% dos alunos obteve 18 valores ou mais.

Relativamente a Matemática A (12º ano), a média aumentou de 10,6 para 11,9 valores. No total, 332 alunos alcançaram os 20 valores e 2.418 alunos chegaram aos 18 valores. O presidente da Associação de Professores de Matemática (APM), Joaquim Pinto, considerou o exame deste ano mais fácil, pelo que a subida da média era previsível. Por outro lado, considera também que as alterações nas classificações dos exames nacionais não são muito significativas, sendo “flutuações totalmente normais e admissíveis”.

A prova de Geografia apresentou também melhor média face ao ano anterior, subindo 0,9 valores para 11,6. Os exames de Espanhol – Iniciação e Literatura Portuguesa são exames pouco concorridos, no entanto, a média também subiu.

Descida nas médias dos exames nacionais em comparação com 2021

Nos restantes 19 exames, as médias desceram em relação ao ano passado. Este facto é tido pelo Júri Nacional de Exames (JNE) como descidas pouco significativas, com variações de 0,1 a 0,6 face ao ano transato.

O Júri Nacional de Exames faz parte da Direção Geral da Educação e tem como tarefas, a organização da avaliação externa da aprendizagem, a validação das condições de acesso dos estudantes às provas e a certificação do respetivo currículo. O JNE alega prezar pela defesa dos princípios de igualdade, justiça, rigor e ética no interesse de cada aluno e de todos.

Geometria descritiva A teve uma diminuição de dois valores, fixando a média em 10,4 valores, ao passo que Biologia e Geologia teve uma quebra de 1,2 valores e a média desceu para os 10,8 valores. Este resultado aproxima-se dos valores obtidos antes da pandemia, pois em 2020 a média obtida foi de 14 valores e em 2021 de 12 valores. Adão Mendes, presidente da Associação Portuguesa de Professores de Biologia e Geologia (APPBG), considera que “o exame não era difícil”, porém demasiado “trabalhoso e extenso”. Refere também que os resultados refletem os critérios de avaliação pouco flexíveis do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE). Comparando os resultados com o ano passado, houve mais 6.000 alunos reprovados, num total de 15.546.

A média de Português está agora nos 10,9 valores, aproximando-se do resultado obtido em 2018. Entre 2019 e 2021 a média do exame estava na ordem dos 12 valores. A média de Português não sofreu alterações significativas com as regras especiais dos exames (perguntas opcionais) devido à pandemia em 2020, ao contrário de outras disciplinas onde ocorreu um aumento significativo. Conforme definido pelo IAVE os exames nacionais do ano letivo 2021/2022 manteram o modelo de combinação de perguntas opcionais com perguntas de carácter obrigatório.

Uma surpresa foi a prova de Matemática B ter mais estudantes a realizar exame do que em 2018 ou 2019. Isto acontece, pois há mais cursos que admitem esta disciplina como prova de ingresso no Ensino Superior em vez de Matemática A. É, por outro lado, uma das disciplinas que apresenta média negativa este ano, situando-se nos 8,9 valores.

Na tabela estão representadas as classificações dos três anos anteriores em forma de comparação.

Exame

1ª fase 2020

1ª fase 2021 1ª fase 2022 Variação 2021-2022

138 Português Língua Segunda

123 119 115 – 4
501 Alemão 161 158 147

– 11

517 Francês

151 149 145

– 4

547 Espanhol (iniciação) 160 139 159

+ 20

550 Inglês

150 149 148 – 1

623 História A

134 129 123 – 6

635 Matemática A

133 106 119

+ 13

639 Português 120 120 109

– 11

702 Biologia e Geologia 140 120 108

– 12

706 Desenho A

147 138 141 + 3
708 Geometria Descritiva A 112 124 104

– 20

712 Economia A

126 122 118 – 4

714 Filosofia

130

122 111

– 11

715 Física e Química A

132 98 117 + 19
719 Geografia A 136 107 116

+ 9

723 História B

145 116 128 + 12
724 História da Cultura e das Artes 139 126 123

– 3

732 Latim A

118 136 126 – 10

734 Literatura Portuguesa

112 105 120

+ 15

735 Matemática B 120 101 89

– 12

835 Matemática Aplicada às Ciências Sociais

95 107 105

– 2

839 Português Língua Não Materna

162 157 115 – 42
847 Espanhol (continuação) 146 135 129

– 6

848 Mandarim (iniciação)

169 167 145

– 22

Pelo segundo ano consecutivo, os estudantes realizaram exames nacionais apenas para conseguirem concorrer ao Ensino Superior e não para concluir as respetivas disciplinas, como postulado pelo Decreto-Lei nº 27-B/2022. Com a realização dos exames nacionais, tornaram-se elegíveis para a 1ª fase de concurso de ingresso no Ensino Superior, pois as notas obtidas são necessárias como provas de ingresso na Universidade.

 

Artigo escrito por: Carina Vieira

Ilustração por: Inês Aires

Editado por: Tiago Oliveira