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Educação

Jorge Oliveira: vencedor da U.Porto 3 Minute Thesis 2023 partilha experiência na competição

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Fotografia: Joana Vale

Jorge Gabriel Oliveira, estudante de doutoramento no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, foi o vencedor da 2ª edição da competição U.Porto 3 Minute Thesis. O JUP foi conhecer a sua experiência no concurso.

 

A final da 2ª edição da U. Porto 3 Minute Thesis (3MT) decorreu no final de maio, na Reitoria da Universidade do Porto (UP). Este concurso desafia as capacidades de comunicação e síntese dos estudantes de doutoramento da UP, que devem resumir o seu projeto de investigação em apenas três minutos e com uma única imagem de suporte.

O vencedor deste ano foi Jorge Gabriel Oliveira, estudante de doutoramento no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), que está a desenvolver o seu projeto de investigação no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) e na Unidade de Investigação em Biociências Moleculares Aplicadas (UCIBIO). Em entrevista ao JUP, Jorge falou da sua experiência no concurso e da importância desta vitória.

Quando questionado sobre o porquê de ter participado na competição, Jorge assume-se como uma pessoa que gosta “de se colocar muito fora da zona de conforto e acho que este desafio te obriga muito a isso”. A proposta de ter que “sintetizar, em três minutos, quatro anos [de doutoramento] e usando comunicação que não é minimamente científica” foi o que despertou o seu interesse para participar na competição.

O estudante aponta duas grandes dificuldades durante o progresso do concurso. A primeira surgiu na fase inicial, em que os participantes são convidados a submeter um vídeo de três minutos sobre o seu doutoramento, e prendeu-se com conseguir “decidir, daqueles quatro anos, o que é que é importante incluir e o que é que não é importante incluir”. A segunda, já durante a preparação para a final, foi perceber que teria de reorganizar todo o texto da submissão inicial. A estruturação da informação “é algo que é muito diferente numa apresentação dum congresso ou aqui neste contexto”, explica.

“A maior aprendizagem acabou por ser aquilo que eram os objetivos da competição no geral, que é a capacidade de síntese, usando termos não-científicos.”

Para melhorar e preparar a sua apresentação, a formação em comunicação de ciência oferecida aos finalistas, que decorreu no Parque da Ciência e da Tecnologia da UP (UPTEC), foi essencial. Jorge não tem dúvidas que, além da vitória, “a formação foi a maior surpresa de toda a competição” e que “contribuiu imenso para enriquecer toda a experiência”.

Além disso, realça que “a maior aprendizagem acabou por ser aquilo que eram os objetivos da competição no geral, que é a capacidade de síntese, usando termos não-científicos”, soft-skills que considera de extrema importância.

Outra das grandes surpresas da competição “foi ter ganho”, admite. Acredita que esta vitória poderá ser importante para o seu futuro profissional, pois permitirá mostrar a potenciais empregadores “que tenho certas valências que poderão ser muito valiosas no meu futuro a trabalhar naquela empresa”.

Para os colegas que queiram participar em futuras edições da competição, o vencedor deixa dois conselhos: “o primeiro seria delinear mesmo muito bem o que é que é importante incluir; o segundo seria tentar generalizar ao máximo”. A isso, acrescenta a importância de ter a ajuda dos orientadores de doutoramento na preparação da candidatura.

Comunicar ciência à sociedade

Desafiado pelo JUP a apresentar de forma simples o seu projeto de investigação, Jorge explica que trabalha com bactérias que são extremamente resistentes a antibióticos e cuja prevalência tem vindo a aumentar nos países desenvolvidos. Assim “o que eu tento é, recorrendo à inteligência artificial, desenvolver uma nova molécula – que é basicamente uma pequenina proteína – que não só tem atividade contra estas bactérias, como também dificulta todo o processo de desenvolver resistência aos antibióticos”, conclui.

“A comunicação na ciência é uma das coisas mais importantes, que muita gente não dá valor nenhum.”

O jovem investigador acredita que “a comunicação na ciência é uma das coisas mais importantes, que muita gente não dá valor nenhum” e que é necessário “haver uma maior aproximação do mundo científico ao público”. Infelizmente, aponta que “isso é um bocadinho deixado de parte ainda. Se calhar não acontece tanto noutros países, não sei. Mas sinto que noutros países essa aproximação é melhor do que aqui”.

Jorge defende que uma forma de melhorar as capacidades de comunicação dos alunos de doutoramento que estejam na área da investigação seria dar formações “que permitissem perceber como comunicar ciência nos dois contextos: como comunicar ciência melhor num congresso científico, e como comunicar ciência num contexto que não tem nada a ver com o mundo científico”.

Este tipo de formações, à semelhança da competição U.Porto 3MT, seriam uma mais-valia e “algo que devia de ser cada vez mais presente nas nossas formações profissionais”, reforça.

“Quando entrei no doutoramento, apercebi-me que havia muita coisa a fazer no mundo da ciência que não necessariamente investigação.”

Sobre o futuro profissional, o estudante não tem certezas. “Quando entrei no doutoramento, apercebi-me que havia muita coisa a fazer no mundo da ciência que não necessariamente investigação”, comenta. Neste momento, imagina-se a terminar o doutoramento, realizar um pós-doutoramento e tentar uma transição para a indústria, onde não descarta a possibilidade de fazer algo relacionado com a comunicação de ciência. Mas admite que este projeto profissional “talvez mude daqui a uns anos”.

Pode assistir à entrevista completa de Jorge no canal de Youtube do JUP.

Para mais informação sobre a U.Porto 3 Minute Thesis, consulte o site oficial da competição, onde encontrará toda a informação sobre a competição e o seu regulamento, assim como registos de edições passadas e anúncios de futuras edições.

 

Artigo escrito por: Inês Miranda

Conteúdo Multimédia: Joana Vale (vídeo e fotografia)