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Educação

European Innovation Academy 2023: estudantes do Porto fazem balanço muito positivo

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Estudantes do Porto na European Innovation Academy 2023 | Foto: Bárbara Pedrosa

Terminou no início de agosto mais uma edição European Innovation Academy, um programa líder na educação em empreendedorismo tecnológico, que decorreu nos espaços na Universidade do Porto. Participantes da Academia do Porto apontam uma experiência desafiante, mas recompensadora e de grande crescimento pessoal.

 

A edição de 2023 da European Innovation Academy (EIA) decorreu entre os dias 16 de julho e 4 de agosto, na Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP). A EIA apresenta-se como um programa líder na edução em empreendedorismo tecnológico a nível internacional, cujos objetivos passam por educar futuros empreendedores e líderes de negócio e acelerar o crescimento digital de empresas.

Num programa intensivo de três semanas, participantes de todo o mundo trabalham em equipas interdisciplinares e internacionais com o objetivo de desenvolver uma startup, desde a conceção da ideia até ao lançamento da empresa. Os estudantes são acompanhados por mentores e instrutores internacionais, de entidades parceiras como a Google, a UC Berkeley e a Universidade de Stanford.

Em conversa com o JUP, os estudantes da Academia do Porto que participaram nesta edição partilharam a sua experiência no programa.

Entre os motivos apontados para participar num evento como a EIA, destacam-se a vontade de diversificar e enriquecer os estudos e alargar horizontes profissionais. Nas palavras de Lucas Pires, estudante na FEP, “ter estes programas que adicionam uma componente prática [ao curso universitário] e que podem enriquecer o meu ‘eu’ a nível profissional” é fundamental. Também Lívia Ferreira, da Universidade da Maia, destaca “o interesse de aprender coisas novas” e de estar num ambiente que, apesar de ter muita pressão, permitiu aprender “mais do que se calhar aprendemos num semestre inteiro, porque é tudo muito mais prático”.

Já André Guedes, estudante da Universidade Lusófona do Porto, justificou a sua participação pela oportunidade de testar as suas ideias e conhecer “o futuro do mercado”.  Em breve, “todos nós vamos estar a competir uns com os outros e todos temos que ter uma perceção das ideias de cada um”, explica.

Os desafios e surpresas da aprendizagem

Ao longo das três semanas da EIA, foram vários os desafios com que os estudantes do Porto se debateram. O primeiro surgiu logo no primeiro dia, em que os participantes mergulharam numa sessão intensiva de networking que permitiu estabelecer as equipas em que iriam trabalhar.

Lucas aponta a necessidade de “dar muito de nós e ser muito sociais para conseguir arranjar uma equipa”, especialmente para os participantes que procuram ideias às quais se juntar, em vez de desenvolver uma ideia de raiz. Para Alexandre Justo, estudante da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP), a maior dificuldade “foi encontrar um projeto que fizesse sentido” e se alinhasse com os seus valores pessoais.

O desafio oposto surgiu a Patrícia Barros da Silva, também da FEUP, que já trazia uma ideia pensada e precisou de “tentar chegar a todos e ter uma equipa coesa”, assim como garantir que os seus colegas estavam no mesmo “ponto de conhecimento” da própria no que se referia à problemática da startup a desenvolver.

“Nós somos muito desafiados ao nível do marketing, do design, do desenvolvimento mais aprofundado da ideia com que escolhemos trabalhar e, acima de tudo, em muitas coisas que têm a ver com negócios e economia.”

De facto, as áreas de conhecimento muito diversas com que os participantes contactaram foram outro dos grandes obstáculos do percurso na EIA. Beatriz, da Faculdade de Medicina (FMUP), enumera: “nós somos muito desafiados ao nível do marketing, do design, do desenvolvimento mais aprofundado da ideia com que escolhemos trabalhar e, acima de tudo, em muitas coisas que têm a ver com negócios e economia. Então, eu diria que o maior desafio e tentar ter um pé em todos estes mundos”.

Por outro lado, a estudante não tem dúvidas que um dos aspetos mais positivos foi o facto de haver “sempre alguém disponível para responder a todas as dúvidas que existem”.

Para introduzir os participantes às diversas valências necessárias ao desenvolvimento de uma startup, a fórmula foi simples: “de manhã temos sempre sessões teóricas e à tarde pomos sempre a mão na massa. É desgastante, mas é gratificante”, esclarece Sofia Costa Silva, estudante da FEP.

Para Alexandre, outro dos grandes pontos positivos do programa foi precisamente terem “grandes formações que dão insights incríveis sobre tudo o que são novidades a nível das mais várias técnicas”. A isso, Patrícia acrescenta a possibilidade de contactar com mentores experientes: “ter esse know-how [acessível] e a facilidade de chegar até ele tem sido a maior mais-valia do programa”, reforça.

Uma equipa de trabalho internacional

O trabalho numa equipa internacional é uma das imposições do programa. João Sousa, estudante da FEUP, destaca este ponto como um dos mais importantes da sua experiência: “hoje em dia, no mercado de trabalho, toda a gente trabalha em equipa e nós aqui temos a experiência desde a construção da equipa, ao trabalho no dia a dia com a equipa, enfrentar os problemas de equipa, de comunicação”.

Um dos desafios apontados pelo estudante foi “a parte da barreira linguística”. No entanto, não tem dúvidas que foi uma oportunidade única para desenvolver o seu domínio do inglês. O mesmo testemunho foi partilhado por João Alves, estudante do Instituto Superior de Engenharia do Porto, que admite que, “ao início, uma pessoa sente sempre aquele receio, aquela ansiedade, e isso bloqueia um bocadinho”. Mas garante que tudo desapareceu após os primeiros dias.

Lucas refere a dinâmica da equipa como uma das maiores surpresas do programa: “tenho uma equipa completamente internacional, nenhum deles fala português, são todos de países diferentes e criei amigos para a vida”, resume. João Sousa destaca também a oportunidade única de contactar com outras culturas e a desconstrução de estereótipos sobre alguns países que “na prática, acabam por não se revelar”.

“É muito importante ter não só uma noção da diversidade que existe no nosso país, mas também do que está lá fora”, acrescenta André. No entanto, o estudante admite que, ao princípio, experienciou alguns pontos de vista divergentes. “Tivemos ali um bocado de incoerência em termos de chegar a soluções e até resolver os problemas. Mas depois de conseguirmos todos entrar no ritmo, foi bom”, explica.

Uma experiência marcante

Quando questionados sobre se recomendariam a experiência de participar na EIA a outros colegas, a resposta é unânime: sim. “Super enriquecedor” e “completamente gratificante” foram as expressões usadas por Beatriz e João Alves ao descrever o programa.

Para Lívia, a participação na EIA foi “um processo de autodescoberta, onde nós acabámos por perceber alguns defeitos nossos, onde é que não somos tão bons ou onde é que somos melhores”. André destaca a experiência como uma oportunidade de ganhar “perceção do que é preciso para conseguir desenvolver-me como pessoa e como profissional”, o ponto mais forte da sua participação, assegura.

“É desconfortável, mas ao mesmo tempo, quando é desconfortável é que vês que estás a crescer”, resume Sofia.

A próxima edição da European Innovation Academy irá decorrer, uma vez mais, no Porto, entre 14 de julho e 2 de agosto de 2024. Acompanhe todos os detalhes e informações sobre as inscrições no site oficial e nas redes sociais (LinkedIn, Facebook e Instagram) do programa.

 

Artigo escrito por: Inês Miranda

Fotografia por: Inês Aires e Bárbara Pedrosa