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Mundo Novo

Estar longe é estar perto de um abraço

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É Miguel Gameiro que escreve e canta a música “Dá-me um Abraço”. Era 2010 e agora, 10 anos depois, são as Autoridades de Saúde que cantam esta melodia. Numa análise do ratio (a razão que levou o autor a escrever e interpretar esta música), podemos dizer que na época era criar uma música que envolvesse um sentimento diário num toque característico de romantismo. Hoje, claro, a música não tem o mesmo significado; ou, pelo menos, o abraço está “suspenso”.

É 2020, um ano apocalíptico, uma caixa de surpresas trágicas, entre as quais a pandemia de COVID-19 que já dizimou mais de meio milhão de vidas pelo mundo. Portugal, o país à beira-mar plantado, não foi indiferente à doença e obrigou a alterações drásticas no quotidiano nacional. Foi declarado estado de emergência pela primeira vez na história constitucional democrática portuguesa e, com este, confinamento obrigatório, promoção do “distanciamento social”, entre outras medidas em prol da saúde pública. Vive-se, como já escrevi, a História dos manuais dos nossos filhos e netos.

A propósito do “distanciamento social” temos de perceber que não se queria, em momento algum, que as pessoas perdessem os seus contactos sociais, até porque isso teria implicações noutras áreas de saúde, como a mental, por exemplo; o vírus não se transmite por uma chamada telefónica; e o ser humano é uma criatura social por natureza e a própria produção jurídica nunca poderia positivar algo que não fosse conforme à natureza humana. O que se pretendeu (e em larga medida, ainda se pretende) é um distanciamento físico entre as pessoas, um evitar de grandes aglomerados de pessoas, para assim evitar a criação de cada vez mais cadeias de transmissão. Pretendeu-se proteger os mais idosos, mas implementaram-se programas por todo o país de combate ao isolamento e ao abandono (aqui deixo um voto de congratulação ao Pelouro da Juventude da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, que se afirmou na linha da frente nessa ajuda, com iniciativas como um call-center, apoio nas compras, entre outras, que apesar de críticas sociais-democratas, se provaram eficazes e positivas).

É triste, de facto, estar perto de alguém que se ama e não lhe poder dar um abraço, um beijo. Mas não é só por nós, nem só por essas pessoas – é por todos. Esta é uma luta de todos e só com todos pode ser vencida.

O JUP lança o desafio de deixar uma memória destes tempos difíceis (uma espécie de caixa para as gerações futuras). O título é claro: nos próximos tempos, estar longe é definitivamente a maior demonstração de carinho e afeto – é o abraço que gostaríamos de dar, e que daremos, a quem mais amamos.

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