Connect with us

Multimédia

Milhares de jovens marcaram presença no desfile do Dia da Liberdade

Published

on

Pelas 15h desta quarta feira, o Desfile da Liberdade partiu em direção à Avenida dos Aliados, um trajeto percorrido por milhares de jovens que manifestaram a sua solidariedade com os valores fundamentais da Revolução de Abril e com aqueles que nela participaram. Este ano, o JUP foi ao seu encontro entre a multidão, de forma a tentar entender melhor a significância desta data entre a juventude.

Diversos serão os motivos pela presença destes jovens no desfile, mas para Bárbara Rodrigues, estudante universitária, o “relembrar de que a liberdade não é uma coisa que nos foi dada, é uma coisa que conquistamos e que podemos perder a qualquer dia” foi algo que a fez marcar presença na passada tarde de dia 25. Já para o Cláudio Santos, gestor de produto e atual membro do grupo de contacto do Partido Livre no Porto, foi a “importância do 25 de abril como data simbólica, mas também por causa do 25 de abril como uma revolução que ainda tem coisas a conquistar, seja na habitação, na saúde, nos direitos humanos, mesmo no apoio às pessoas”.

Graças à disparidade temporal entre as gerações participantes na Revolução dos Cravos e as mais jovens atuais, é levantada a questão da popularidade do Dia da Liberdade entre os jovens. Manuel Pinheiro, engenheiro civil, afirmou ao JUP que “há toda uma certa ideia que nos querem fazer passar que os jovens estão desligados da política, mas não é isso que eu vejo no meu dia a dia. É verdade que muitos deles são condicionados e podem não ter tempo para se dedicar à política, nem para pensar nesses assuntos, mas eles, de facto, querem saber, porque afeta a sua vida.” Em contrapartida, Nuno Castro, estudante universitário e membro da organização Esquerda Revolucionária, inclinou-se mais para a situação política parlamentar, já que “desde que vimos um grande crescimento do Chega e também da Iniciativa Liberal, que vemos que a juventude se radicaliza [à esquerda] cada vez mais. (…) Pelas condições em que vivemos, vamos ser a primeira geração que vive pior que os nossos pais, (…) tudo isso leva a um processo de radicalização, então ainda mais quando vemos que a direita se radicaliza e temos fascistas na Assembleia Nacional.

Também estudante universitária e membro da organização Esquerda Revolucionária, Francisca Ferreira falou um pouco acerca da importância do movimento sindical em Portugal, dizendo que “se virmos os movimentos mais recentes dos sindicatos dos professores e as mobilizações que foram alcançadas apenas nos últimos meses, são absolutamente inspiradoras e lembram bastante as mobilizações que ocorreram no 25 de abril e pós 25 de abril, na luta da conquista dos direitos dos trabalhadores“. Além disso, adicionou que “é ótimo ver estas mobilizações todas, não só dos sindicatos, mas também pela habitação, que temos assistido, pela que vai haver nos próximos dias a defender o SNS (Serviço Nacional de Saúde), que vai ser extremamente importante”.

Para estes jovens, houve “promessas de Abril” que ficaram por cumprir. Francisca adicionou que o SNS deveria ser “universal e completamente gratuito” e que “está a ser desmantelado, está a sofrer cada vez mais cortes”. Para Cláudio, na saúde “temos visto que há menos pessoas com médico de família, temos um problema também de que o acesso à saúde ainda é bloqueado ou ainda não é ótimo para muitas pessoas LGBTQIA+“. Quanto à habitação, também disse que “Falta habitação por parte do Estado, falta regulamentação, faltam abordagens que sigam primeiro as pessoas e depois os negócios do alojamento local ou os negócios do turismo na cidade.” e Manuel Pinheiro acrescentou que “principalmente nas grandes cidades, é impossível um jovem, mesmo até com um salário minimamente decente conseguir pensar sequer em viver sozinho“. Manuel falou inclusive da questão da paz e da oposição à escalada armada, que Portugal ainda pertence à NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e que esta é “um bloco militar que é ofensivo e que vai plenamente contra a nossa constituição (…) que expressa claramente que Portugal deve assumir uma posição neutra e ser contra a existência de todos os blocos militares“.

Artigo escrito por Diogo Macedo Malcata

Editado por Vasco Castro

Conteúdo multimédia por Inês Aleixo