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Artigo de Opinião

A TRISTEZA EXTRAORDINÁRIA NA MARAVILHA DE SER PORTUGUÊS!

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Verdade que sou contra o pensamento do portuguesinho coitado, conseguido na morbidez do “fado”, inspirado nos acordes de uma guitarra que geme uma dor inconsolável.

Contudo, a verdade é a castração dos sucessos, o vampirismo dos sonhos e ideias, uma balança enferrujada incapaz de medir prioridades, deixando para trás qual lei crua da natureza, os mais fracos, e remetendo à solidão das escarpas mais altas aqueles que nela vivem ou sobrevivem sós.

Esta poesia tosca das minhas palavras servem para tentar ilustrar este Portugal que temos vindo a respirar. Decisões tomadas nessa balança enferrujada que deixa mais pobre os pobres, que puxou para baixo os remediados e tornou mais rico quem já rico era.

Deixou impune quem tirou o pão da mesa de todo um povo e prendeu quem protestou de fome. E este acredito não ser o Portugal que desejamos quando gritamos liberdade, mas bastou umas quantas laranjas podres neste cesto imenso à beira-mar plantado para destruir pela vaidade, cobiça e individualismo aquilo que devia ser construído em nome de um povo.

Ouvi recentemente que um determinado banco na sua avaliação de gastos poderá deixar de patrocinar o futebol. Esse futebol que faz compras e contratos de milhões, subterrando todos os outros desportos. Numa caricatura, o futebol é como o senhor dono de um campo de
diamantes que vem pagar o mês com uma tigela de arroz aos seus funcionários e chega montado numa carroça decorada de jóias diversas, barrigudo, vestido de cedas puras e a comer faisão.

No dia 2 de janeiro, estive no Lusitano, um bar do Porto situado na rua de José Falcão 137, que, em solidariedade com um atleta que não de futebol, fez uma noite especial, na qual parte da receita reverteu a favor desse mesmo atleta.

Quem é ele? Alguém que devia ser tido como um orgulho nacional, patrocinado e apoiado por isso. Alguém que o mundo não pode ignorar, porque é afinal o atleta mais medalhado do mundo, atleta paraolímpico que não encontra igual no mundo do atletismo paraolímpico.

Porque não acredito nesse sentimento luso do pobre coitado. Também não cedo à tentação de dizer que em qualquer de outro país ele teria este ou aquele apoio, porque decerto em tantos outros nem atleta seria, quanto mais medalhado.

Somos um país nobre e com grandes feitos na história, mas também com respeitada reputação em diversas áreas da atualidade. Temos uma das leis mais avançadas do mundo. Portugal tem mesmo muito do que é preciso para ser fantástico, mas aquela balança está mesmo
enferrujada.

Ele, o atleta de que vos falo, chama-se Lenine Cunha, atleta paraolímpico que tal como outros têm trazido para Portugal muito orgulho em forma de medalhas conquistadas. Pergunto-me de que lhe vale tal proeza!?

De nada! Lenine não sabe se poderá conquistar mais medalhas num futuro próximo. Lenine “mendiga” apoio para poder treinar para os Paraolímpicos do Brasil, porque só com treino se consegue obter resultados e, por isso, este sábado, o Lusitano encheu-se de amigos e menos amigos, conhecidos e desconhecidos, que juntos com outros artistas colaboraram para que
Lenine consiga 10mil euros, que é, segundo as suas contas, o bastante para pagar os treinos até ao evento.

E eu fico a pensar: é triste viver e dar tanto em nome de um país que amamos, patrocinados pela maravilha de nos sentirmos portugueses.

Não apenas o Lenine, mas milhares de pessoas todos os dias dão o seu melhor. Outros milhares choraram na partida por deixarem as suas famílias, mas também o seu país. Depois, quando temos alguém que se destaca dos demais e leva o nome deste país extraordinário às bocas de todo o mundo, tem de “mendigar” para continuar tal feito.

Lenine Cunha (Lenny Cunha). O único crime que cometeu foi ter nascido pobre num país que não lhe reconhece mérito e o deixa à mercê da “esmola” daqueles que lhe agradecem os feitos e, mais do que isso, sentem orgulho por transportar o nome Portugal a todos os continentes. Lenine tem na web um “crowdfunding” com vista a conseguir os tais dez mil euros de que necessita. São precisas apenas 10 mil pessoas a um euro cada. Podes fazer parte desse movimento deixando a tua colaboração em:http://ppl.com.pt/pt/causas/lenine-cunh

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