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Artigo de Opinião

A CULPA É SUA QUE FICA EM CASA!

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João Paulo

João Paulo

Portugal tem quarenta anos de democracia mas mais importante a meu ver quarenta anos de liberdade.

Democracia e liberdade nem sempre foram grandes amigos, quantas democracias conhecemos onde a liberdade ficou de fora dessa equação. Democracias em que as pessoas vivem com medo de sair à rua, que alguém lhes bata à porta e lhes leve aquele pequeno mundo, o único espaço onde as palavras fluem sem restrições.

Democracias onde a liberdade de expressão não é uma realidade absoluta, e sair à rua para revindicar, ou reclamar é punido com carga policial provida pela ordem de um governo democraticamente eleito. O jornalismo é perseguido sempre que o artigo ofende o poder instituído uma perseguição feita de forma mais ou menos dissimulada encapuçada até pelas próprias gerências elas também muitas vezes prisioneiras da máquina.

Esta máquina parece-me por vezes a corrente de uma bicicleta que passamos sempre pelos mesmos elos de tempos a tempos, e lamento que tendo o ser humano vivido elos defeituosos que puniram as vidas de milhões e que são a vergonha gritada por todas as grandes democracias vividas em liberdade umas mais que outras.

Fomos protagonistas recentemente de mais um período de eleições, desta feita para a Europa, e vimos muitos países a virar à direita, a uma direita que assinará documentos com a mesma tinta com que escreveu uma história que envergonha todos os cidadãos de bem, onde com essa tinta se desenhou o extermínio planeado.

Hoje a Europa esta mais encostada a essa direita, não, não é dominada pela direita extremista, mas está ela neste momento mais perto desse poder que pode mudar o rumo das vidas de todos nós uma vez mais.

Assim como ervas daninhas, os extremos vão minando o jardim, confundem-se com as ervas altas, escondem-se entre elas e quando dermos conta as raízes das flores estão minadas e sufocam perante a ditadura xenófoba, homofóbica, sexista e machista.

Tivemos nestas eleições a eleição de um neonazi assumido, um que poderíamos comparar com a expressão “a cereja no topo do bolo”, de um bolo podre e determinante para a castração dos direitos e liberdades dos cidadãos, do garante do respeito pela diferença que a todos assiste.

Ganhamos numa europa moderada espaços com mais luz, conseguimos consensos e respeitos que embora tardios chegaram, mas todos estes espaços estão ensombrados por estas eleições. Ficamos em casa, deixamos a colheita ao abandono e quando voltamos ao campo tínhamos sido roubados. Ficar em casa não é solução, a sociedade dita civil tem que de uma vez por todas entender que a máxima do 25 de Abril de 74 de que o “povo é quem mais ordena” é a pura das verdades e todas a lutas são lutas de todos nós, não existe uma luta de brancos e uma luta de pretos, não podemos cruzar os braços e dizer que não vale a pena, se largarmos as rédeas a parelha vai cavalgar desgovernada até capotar na curva da ditadura e matar-nos a todos retirando-nos o ar que nos deixa viver.

Sabem de quem é a culpa deste sufoco? É sua que fica em casa, ora porque desistiu, ora porque acha que não é consigo, vá agora não reclame, continue nessa sua vidinha e sempre que se olhar ao espelho lembre-se que a sua, a nossa falta de ar, é culpa sua!

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1 Comment

1 Comment

  1. Fábio Costa

    31 Mai 2014 at 15:38

    Portanto sair de casa por um dia muda tudo…hmmm…vê se não limitas tu a minha liberdade e direito de voto a um dia em que se vai escolher o palhaço mais bonito do cardápio ..

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