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Artigo de Opinião

A NEBLINA DOS MEDIA

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Carina Dias

Carina Dias

Todos os dias enxergamos a comunicação social a “dar” dinheiro aos Portugueses. Agora até se presenteia com barras de ouro e eletrodomésticos, uma vez que é fundamental arranjar uma maneira de tirar mais um naco de dinheiro aos Portugueses, mas passando sempre a imagem de que Portugal é um país onde o que não nos falta é dinheiro para telefonar para esses programas.

Além disso, tentam divulgar a mensagem de que apoiam todas as causas humanitárias. O problema é que este amparo vem sempre na mesma altura, que é o Natal. Desta forma, o lucro acumulado passa a reverter para algumas instituições, o que é de louvar e perdurar. Contudo, todos dizem que o Natal deve ser todos os dias, mas nos restantes, o dinheiro vai para quem fizer uma chamada, para uma espécie de número mágico que dá dinheiro.

Tudo isto para dizer que, a representação que a comunicação social pretende difundir, sendo esta a crença de que são nossos protetores e que querem ajudar um Portugal afundado na dívida e milhares de famílias a terem uma melhor vida nesta precariedade que é o quotidiano, não passa de uma grande falácia. Por de trás disto, não nos podemos esquecer dos interesses e dos jogos de poder. Não sei qual o interesse aqui, nem pretendo entrar por esse caminho mal cultivado e pantanoso. Apenas quero chamar à atenção para a importância que este tipo de atividades de “dar dinheiro” poderia ter, se realmente este fosse para o objetivo que eles dizem que é.

Muitas famílias têm sido ajudadas sem dúvida, todavia esquecemo-nos que existem muitas outras que não têm a capacidade de se dar ao luxo de despender dinheiro numa chamada, onde a probabilidade de ganhar é quase nula. O dinheiro que iriam gastar, para uma grande parte das famílias portugueses dá para comprar o pão, que em inúmeros casos é o único alimento que possuem.

Se verdadeiramente querem facultar dinheiro e tirar os portugueses do sufoco, não o devem fazer apenas na época de Natal. Existem famílias monoparentais que carecem de auxílio e para as quais este dinheiro seria relevante quem sabe, para os estudos do filho. Ou uma associação de pessoas com deficiência, que são tantas vezes esquecidas pela nossa sociedade. Entre muitas outras instituições e organizações que devido à enxurrada que Portugal levou, ficou com muito pouco capital para acudir aqueles que vivem num afogo, precisando que sejamos nós a falar por eles. Acrescento ainda, que muitas vezes esquecemo-nos daqueles que realmente não têm voz, os animais. São raros, até mesmo escassos, os programas da comunicação social onde o dinheiro reverte para uma associação de animais. Assim, tendo conta o número de causas que muitos portugueses acolhem, de certeza que os 365 dias não chegavam para todas. Logo, não basta apenas fazer este gesto filantrópico na época natalícia, mas no dia-a-dia.

Visto que a comunicação social quer ganhar lucro e prestígio com estas “chamadas da sorte”, então que o faça de forma mais pensada e equilibrada, no sentido de promover um Portugal mais justo e equilibrado. Muitas vezes, as pessoas que estão lá em cima, não vêm o que se passa cá em baixo. Parece que paira uma espécie de nevoeiro que tapa os olhos de quem não quer ver. Mas, se removermos esta “neblina dos media” de certeza que todos atuaremos para o bem comum.

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