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Artigo de Opinião

“Mas eu vi nas notícias”

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Fonte: Porta Lusa

Os desenvolvimentos políticos dos últimos dois meses, seja a nível nacional, continental ou mundial, exigem à comunicação social a prestação da verdade pura. Contudo, o setor da comunicação no nosso país tem agido de forma vergonhosa nesse sentido, transmitindo informação enviesada que se alimenta dos interesses económicos, da fome de espectadores e das inclinações políticas de quem os comanda.

Não descartando que uma estação de televisão precisa efetivamente de audiências para garantir a sua sobrevivência, nunca esse fator deveria ser decisivo quando se decide que informação se transmitirá ao público e como tal será feito – as headlines manhosas, a incoerência informativa, os factos distorcidos e o foco nos detalhes mais insignificantes são características ultrajantes da comunicação social portuguesa, especialmente relembrando que Portugal viveu 48 anos com um controlo intensivo dos Media e foi obrigado a lutar pela liberdade de expressão, pela verdade e pela informação fidedigna; é ainda mais triste ver que, depois de se soltar do controlo do Estado Novo, a Media portuguesa vende a sua veracidade ao lucro e ao capital.

O que agrava ainda mais esta questão é o caminho que a comunicação social abriu para uma maioria absoluta que desregula a democracia e que nos põe nas mãos de uma única força partidária – pela bipolarização descarada, a mensagem falaciosa de que as eleições de janeiro eram as eleições para o Primeiro Ministro (quantas pessoas de Bragança, Viana, Faro ou Évora não terão achado que votaram no António Costa?), e as sondagens que influenciaram de forma extremamente evidente.

O que agrava ainda mais esta questão é a base que a comunicação social dá para o ódio e a militância anti-partidária – vão perguntar aos vossos pais se a Rússia é comunista e abismem-se com as respostas! Onde estão os esclarecimentos políticos quanto à Europa de Leste? Vitimiza-se um país neofascista, enaltece-se a NATO e demoniza-se a Rússia, quando na verdade nenhum dos envolvidos é inocente. O papel da comunicação social é contextualizar, é dar os factos passados e presentes, fazer a audiência perceber o que levou a certos e determinados eventos, é informar e não manipular, como o fez no passado, faz no presente e fará no futuro.

Os noticiários portugueses são enviesados e falaciosos, os noticiários portugueses não são verdades inquestionáveis ou ciência. É necessário verificar o que lá se diz e é necessária uma pesquisa autónoma por parte do cidadão.

Artigo da autoria de Maria Santos

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