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Artigo de Opinião

COLOCAÇÕES NO ENSINO SUPERIOR: O PRINCÍPIO DO PRINCÍPIO

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Alexandra Albuquerque

Alexandra Albuquerque

Como professora, seria difícil não escrever este mês sobre as colocações no ensino superior. Não vou, no entanto, fazer mais uma leitura estatística. Não é essa que me interessa aqui.

Interessa-me refletir sobre o que pode significar (não) entrar no curso que se “queria”. “Entrar” e “não entrar” são ambos resultados de risco: o risco de (não) gostar do curso onde (não) se queria entrar ou onde (não) se entrou; o risco de ter de seguir outro caminho, de esperar ou de aceitar; o risco de (não) seguir o sonho… Porque as colocações são apenas isso: um resultado que, mais do que o ponto de chegada, é ponto de partida.

Os candidatos confiam (ou querem confiar) que o diploma é uma chave que abre portas para um futuro cheio de sucessos, podendo esta expectativa resultar de um sonho antigo, do conhecimento das últimas tendências do mercado ou, apenas, da sugestão de elementos dos nossos círculos de influência. Pode, assim, ser uma expectativa vivida com maior ou menor entusiasmo, dedicação e realização, isto é, o “sonho” pode realizar-se se o curso onde se entra é realmente o que se queria e nos integramos no ambiente que nos espera, ou pode tornar-se um “peso” se perdemos o rumo pelo caminho.

Acredito, no entanto, que por mais que o que se “queria” seja o que se encontra, o mais importante nesta experiência são as oportunidades inesperadas que nos abrem novos horizontes. São os projetos mais ou menos académicos, dentro ou fora da faculdade, que nos ajudam a desenvolver o que considero ser uma das ferramentas fundamentais para o sucesso: atitude – o saber ser em muitas situações, entre muitas personalidades, sem esperar saber tudo ou não ter de assumir responsabilidades…

É a atitude, isto é, como aplicamos o que aprendemos ao longo da vida e procuramos o que precisamos para viver, fazer e ser, que faz com que o risco de entrar, não entrar, ficar ou mudar, e o que fazer durante e depois do curso seja vivido de forma responsável e consciente: de que “os outros” não são culpados pelos nossos insucessos nem responsáveis pelos nossos sucessos e de que uma licenciatura não é um produto “chave na mão”, mas uma oportunidade de descobrirmos quem queremos ser a nível profissional e uma caixa de ferramentas básicas que nos permite aprender como chegar ao conhecimento necessário para isso. Em caso algum podemos esperar aprender tudo e, muito menos, que nos ensinem tudo. Mas podemos e devemos trabalhar para saber usar o máximo de ferramentas e oportunidades de formação e aprendizagem possível (formal e não formal) para, ao longo da vida, mais facilmente conseguirmos saber fazer bem o que queremos ser.

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