O PROBLEMA DA DEMOCRACIA

Carina Dias

Assistimos esta semana a uma das situações mais democráticas (e um tanto ao quanto estanhas) deste país, nomeadamente as eleições primárias do PS. Ouvi o António Costa a dizer que “nem houve um que ganhou, nem outro que perdeu, simplesmente isto foi uma grande vitória para o PS”. Para mim, isto que o António Costa disse foi a mesma coisa mas dita por palavras diferentes, passando, desta forma, um discurso de “bom samaritano” que apenas se preocupa com o seu partido, e muito pouco com aquilo que pode ganhar ao ser o presidente do PS e o possível primeiro ministro de Portugal. Quando se acaba a mina de ouro num lado tem de se ir a outra fonte possível. Mas, enfim, o que quero demonstrar com isto é que a democracia é simplesmente uma forma de haver sempre um vencedor e um vencido, havendo, portanto, opiniões e ideias que acabam por ser desvalorizadas, pois tem-se apenas em conta aquilo que a pessoa ou grupo de pessoas que ganharam dizem.

Para além disto, a democracia tem servido para fazer com que interesses alheios sejam supridos. Por esta razão, Portugal tem espalhado por esse Mundo fora dívidas atrás de dívidas, muitas delas ainda não sabemos que existem, mas penso que não tardam em aparecer. Depois, as pessoas que acabam por fazer estas dívidas, em vez de ir para a prisão ou devolver aquilo que roubaram, são comentadores ou escrevem um livro.

A verdade é que tudo o que falei agora é transversal a todos os modelos políticos de um país. Contudo, hoje em dia, isto está a tomar proporções um pouco irreais. Se temos algo tão bom como a democracia, que pode tornar o nosso país e o Mundo em locais de valor, porque é que se distorce tudo? Para provocar o mal nos outros?

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