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Artigo de Opinião

HOJE SINTO-ME SUECO

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Tiago Vaz

Tiago Vaz

Aconteceu. Há já algum tempo que a Suécia tinha ameaçado fazê-lo. Há já algum tempo que, de várias partes do mundo, surgiram vozes contra e a favor. E desde aí que me pergunto: será que eles vão mesmo fazê-lo? A resposta veio hoje de manhã. A Suécia tornou-se no primeiro país da União Europeia a reconhecer o Estado Palestiniano.

Pode parecer coisa pouca para alguns, mas esta audácia incrível terá um grande impacto (imediato e a longo prazo). Desde logo, porque é uma afronta aos poderes vigentes, cujas reações rapidamente se fizeram ouvir. Depois, porque, mesmo não sendo a Suécia uma potência dominante no nosso mundo, é uma voz essencial dentro da UE e um dos países europeus mais desenvolvidos. E isso dá à voz sueca uma importância acrescida.

Mais que tudo, este reconhecimento por parte dos suecos está a gerar muita ansiedade. Não, eles não são os primeiros a reconhecer o direito da Palestina existir, mas são os primeiros a fazê-lo dentro da UE (outros fizeram-no antes de pertencerem à União). E isso levanta dúvidas. Especialmente para Israel e para a sua diplomacia. Irá a UE, no seu todo, mudar de opinião? Será esta decisão capaz de influenciar outros políticos? E os EUA ficariam ao lado de Israel se a UE declarasse o seu apoio ao Estado da Palestina?

É este o peso, a força desta declaração da Suécia. Fazer tremer os poderes instituídos e a ordem política numa área do mundo que tem sido, ela própria, tremida. E enquanto uns enaltecem a decisão e outros a atacam por ser prematura, a Suécia afirma (pela voz da Ministra dos Negócios Estrangeiros, Margot Wallström) que não só não é algo prematura, mas talvez peca por ser tardia demais. Tenho que concordar. Basta pensar na quantidade de inocentes, de pessoas que não escolherem nascer ali, não escolheram aquela guerra, nem tão pouco escolheram morrer. Basta quantificá-los. E chega-se à conclusão de que sim, já vem tarde. Mas não vem tarde demais. Vem numa altura chave, quando as últimas tentativas de paz entre israelitas e palestinianos parecem condenadas ao fracasso.

Só o tempo dirá o impacto real que esta decisão teve. Para já, levou a piadas azedas sobre o IKEA. Espero que leve a muito mais. Para mim, pelo menos, fez-me querer ser sueco por um dia e gritar que respeito os palestinianos e o seu direito. A existir. E a ser tanto como qualquer outro ser humano.

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