MAMINHAS NO PARLAMENTO

Sara Monteiro

Há histórias que começam bem e acabam melhor. A que tenho para contar começou no parlamento, passou pela TVI e chegou ao Facebook.

Era uma vez uma jovem de Vila Franca de Xira (a terra da legionella) que decidiu assistir à discussão do Orçamento de Estado para 2015 nas galerias da Assembleia da República e que ficou descontente por, alegadamente (não vá o diabo tecê-las), ter visto deputados “(…) no Facebook a ver raparigas avantajadas. Outros a assistir a vídeos de quedas, (…) outros a ver emails publicitários.”.

Era outra vez um professor de seu nome Marcelo Rebelo de Sousa que recebeu uma carta da desiludida jovem e decidiu lê-la no espaço de comentário do jornal de domingo da TVI, condenando a conduta e a postura dos deputados.

Era ainda outra vez, num reino ligeiramente mais distante – o virtual – o senhor deputado José Magalhães, que não ficou contente com as afirmações da jovem nem com as considerações do professor Marcelo e decidiu manifestar a sua opinião no Facebook.

Para isso, o deputado utilizou argumentos válidos (com os quais é impossível discordar) e uma escrita deliciosa repleta de abreviaturas.

De todos os argumentos destaco dois. Disse o senhor deputado que “uma sra muito avantajada dificilmente se distingue de uma banana, quando vista das galerias” e acrescentou que “a aluna existe mas tem estrabismo ou ambliopia”.

Graças ao senhor deputado José Magalhães descobri que, para além da miopia que descobri aos 10 anos, sofro de outras patologias oftalmológicas. Isto porque há dois anos fui assistir a uma sessão na Assembleia da República e pareceu-me ter visto um deputado a ver o filme do “Homem Aranha”. Engano meu, evidentemente.

Apesar de ter ficado profundamente agradada com o senhor deputado por me ter poupado ao check up anual na ótica da minha terra, fiquei transtornada com o seu Post Scriptum (P.S. como gosta José Magalhães) que diz “Marcelo parece ter um problema com as Sras avantajadas. Protesto! Além de estarem na moda têm direito a não ser discriminadas.”.

Se o professor Marcelo tem ou não problemas com senhoras avantajadas, não sei, mas a questão dos seios avantajados estarem na moda causa-me preocupação. Não me encontro a par das tendências e ter que fazer um implante mamário nesta altura era coisa para não dar muito jeito. Com o Natal aí à porta é gastar dinheiro sem necessidade.

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