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Artigo de Opinião

TIROS OU DARDOS?

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Sofia Freitas

Sofia Freitas

No dia 9 de Agosto em Ferguson, Missouri, Michael Brown de 18 anos foi atingido fatalmente pelo polícia Darren Wilson de 28 anos. Isto poderia ser um caso judicial normal se não fosse o facto de o polícia ter disparado doze vezes contra um indivíduo desarmado. doze vezes. Um tiro ou dois, abaixo da cintura, seriam justificados por uma situação de autodefesa ou como forma de evitar uma fuga por parte do jovem. Mas doze tiros não têm justificação. Além disso, destes doze apenas seis atingiram Michael. Um não era suficiente para abrandá-lo ou fazê-lo entregar-se? Eram mesmo necessários seis? Acho que não e pelos vistos não sou a única a pensar assim.

Esta situação desencadeou uma onda de revolta nos Estados Unidos da América e um pouco por todo o mundo. Manifestações pacíficas ou violentas instalaram-se e as pessoas protestam nas ruas a favor de Michael Brown. Estes gritos de apoio e inconformação têm por base também o racismo, uma vez que Michael era um rapaz negro e Darren um polícia branco. Desta forma, este infeliz acontecimento só veio alimentar o debate sobre a relação dos agentes de autoridade com afro-americanos e a doutrina do uso da força por parte dos primeiros. Penso que não se pode dizer com 100% de certeza que o polícia agiu desta forma pelo suspeito ser negro, mas que é estranho é. E uma coisa é verdade. O contrário não é comum acontecer. São poucos ou nenhuns os registos de indivíduos brancos atingidos desta forma ou mortos por polícias negros. Porém, acho necessário que as pessoas não generalizem, pois nem toda a comunidade branca se pensa superior e isto revela-se nas declarações de apoio. Estas são feitas de todos os lados por todo o tipo de gente, independentemente da sua cor de pele, da sua religião, da sua nacionalidade, etc.

Outra situação que veio pôr lenha para a fogueira foi a divulgação por parte da polícia de Ferguson de um vídeo em que se vê Michael a cometer, alegadamente, um assalto a uma loja de conveniência, minutos antes do incidente. Uns acham que isto não passou de uma tentativa de manchar a imagem do rapaz, outros são da opinião que este vídeo mostra o estado de desequilíbrio em que Brown se encontrava. Mas para mim isto não muda nada. Desequilibrado ou não, continuava desarmado. Por isso, a forma como o polícia procedeu continua a ser injustificada.

Contudo, como se tudo isto já não bastasse, Darren Wilson não foi condenado. Porquê? Ainda não percebi. Os dados são claros. A morte do jovem não era necessária. Pelo menos, deveria ter sido condenado de crime por negligência. Afinal não fez bem o seu trabalho. Polícia que é polícia está no cargo para proteger as pessoas, não para matá-las. Ou então Darren não vê bem simplesmente, porque Michael era uma pessoa e não um alvo a abater que nem num jogo de dardos.

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