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Artigo de Opinião

APRENDE COM A HISTÓRIA QUEM QUER APRENDER

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João Paulo

João Paulo

A vida é uma constante, acontece a cada e todo o momento. Desse acontecimento devíamos todos e cada um aprender com os erros e melhorar, tornando os erros em coisas certas.

Setenta anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, poderíamos concluir que não aprendemos muito, nem os criminosos nem as vitimas. Os criminosos continuam com posturas prepotentes querendo dominar os outros, impondo os seus pontos de vista, não que os mesmos resultem no bem comum, mas sim no seu próprio bem. Os criminosos não são ou não serão apenas os óbvios. Há outros que se apresentaram como heróis no passado, mas que de lá pra cá fazem o mesmo que os declarados criminosos fizeram. Julgam uns e outros segundo a sua descendência, a cor da pele, o credo ou a sua orientação sexual. Reduzem direitos devidos, apontam o dedo incriminando, tomando os outros como inferiores.

A história é conhecida no mundo inteiro, no mundo dito civilizado. Contudo, o conhecimento da história não significa mais informação, ou melhor dizendo, não significa que vejamos essa mesma história da mesma maneira. Assim como quem lê a Bíblia, a interpretação das palavras não é a mesma para todos. Da mesma forma, para muitos, a história da data a que me refiro foi para uns demasiada, mas para outros pouca na sua intensidade. Não lemos todos da mesma forma. Se assim não é, como se explica que ainda se mate legalmente apenas porque me deito com uma pessoa do mesmo sexo? Como se explica que aceitemos que mulheres sejam proibidas disto ou daquilo apenas porque nasceram mulheres? A história ensina quem quer aprender e nem todos queremos. Mas se os criminosos e os heróis não tomaram a história a sério, as vitimas também não.

Numa resposta quase desumana, há a consideração de que o fraco menos fraco pode julgar e punir ou matar o fraco mais fraco, entre os fracos. Confuso!? Talvez! Veja-se a nossa realidade. Em Fevereiro de 2006, saltava para as páginas dos jornais que na cidade Invicta um grupo de adolescentes torturou até à morte e durante três dias uma pessoa transsexual, ou se preferirem um “homem com mamas”. 2006, século XXI, sessenta e um anos depois da história que se diz ter envergonhado a humanidade, adolescentes, durante três dias consecutivos e após as aulas, iam ao mesmo sitio continuar o que haviam começado, o mau trato de um ser humano que eles “fracos” consideravam ainda mais “fraco” e, por isso, durante esse tempo pontapearam, socaram, queimaram com pontas de cigarro, violaram com paus e, por fim, lançaram para um buraco de água choca porque queimar cheirava mal. Eles, filhos de “famílias” disfuncionais, viciadas num qualquer vício. Eles, seres mal-amados, descuidados, deixados ao seu próprio destino, encontraram naquela pessoa a resposta, o símbolo, daquilo que ouviram na boca de muitos adultos ou leram escarrapachado nas parangonas de um qualquer jornal que aquele tipo de pessoa não era gente.

A história, por isso, não ensinou o mundo da mesma forma e, por isso mesmo, o mundo atuou da mesma forma após o horror. Ciganos, mulheres, homossexuais, crianças e pretos no carcere deram as mãos em nome da sobrevivência, mas assim que snifaram a liberdade apressaram-se a afastar-se, não fossem confundidos. Hoje, como antes, uns julgam os outros, os criminosos de ontem são os criminosos de hoje e têm mais companhia, por vezes, travestida de boas intenções, de uma alegada preocupação com os direitos humanos, numa suposta democracia, levada a cena num palco de marionetes perto de si.

“Todos somos iguais perante a lei”, diz a lei dos homens apenas SE. E no SE, vêem um desenrolar de alíneas que te tornam afinal menos igual que o teu vizinho, o teu colega de trabalho ou da escola. “Todos somos iguais aos olhos de Deus” (falo do Deus cristão) e logo vêem os seus emissários dizer que “sim mas” uns serão na verdade mais iguais que os outros. Durante séculos encheram-nos com crenças e ideologias que quase ou nunca questionamos e o resultado está aí. Os mesmos deuses, que, pelos vistos, nos dão direito à vida, são depois usados pelos seus emissários para nos retirar essa mesma vida.

Que aprendemos nós (o mundo) afinal com a história?

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