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Artigo de Opinião

PANACEIA DA LOUCURA

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Carina Dias

Carina Dias

Talvez a loucura seja muito mais abrangente e omnipresente do que aquilo que nós, leigos humanos, consideramos. Por mais sanos que queiramos parecer, a loucura assombra a nossa alma. Se calhar, a condição humana é mesmo essa, sabermos equilibrar a loucura e não sabermos equilibrar a sanidade.

Começando por nós, pequenos homens e mulheres formiga, neste Mundo tão gigante, sentimo-nos muitas vezes perdidos no meio de um mar que nos tenta engolir para determinados buracos. Mal temos a hipótese de escolher. Ou és competitivo, bom no que fazes e segues uma vida baseada em regras e padrões societais, ou então simplesmente és colocado à margem da sociedade. É uma loucura pensar que não somos livres de seguir o nosso fado de acordo com aquilo que pretendemos. Temos medo de nos deixar levar pela corrente suave do vento e fazermos da nossa vida um pequeno rasto de luz neste mundo de escuridão. Ao mesmo tempo, também temos de lidar com as loucuras dos outros e mais uma vez cair num abismo ainda maior do que o nosso, num constante sofrer que nos impede de termos um pensamento livre e vivaz. Tentamos fazer de conta que somos lúcidos exibidores de alegria, mas a verdade é que no meio das nossas conexões cerebrais estamos num profundo cansaço de tudo ao nosso redor. Gritamos, mas ninguém nos ouve, pois está tudo demasiado ocupado em seguir a sua loucura, mascarada de sanidade.

Depois temos os próprios grupos e comunidades onde estamos inseridos, que também vivem a um ritmo frenético, sem qualquer espaço para pensar nas alucinações e delírios mecânicos, como por exemplo a desumanização que sobrevoa os céus desta Panaceia de loucos. Um delírio muito comum é dizer que aqueles que estão a fugir de uma guerra e a vir para outros países são animais ou inferiores a nós. Desumaniza-se sem pensar que todos nós viemos da mesma semente, a única diferença é que uns ficaram mais virados para o sol, enquanto outros tiveram de levar com tempestades e tentar, assim, sobreviver.

Somos loucos pelos atos e ainda mais loucos por não sabermos o quão tolos nós somos. Precisamos de esvaziar as nossas vísceras, que tão sufocadas estão para deixar entrar uma liberdade e autonomia, que será o elixir para uma loucura saudável, que nos torna mais heterogéneos, interessantes e acima de tudo mais vivos!

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