Centro Botton-Champalimaud – O combate ao cancro do pâncreas

O número de casos de carcinoma pancreático tem vindo a aumentar exponencialmente nos últimos anos. Em Portugal são registados cerca de 1700 novos casos todos os anos e, a nível europeu, é a quarta causa de morte por cancro. Devido à ascendência e letalidade desta doença, o novo centro de investigação Botton-Champalimaud pretende investir no estudo do perfil imunológico dos tumores e no desenvolvimento de ensaios clínicos.

As causas desta doença ainda não são conhecidas, contudo, existem alguns fatores de risco que podem desencadear o cancro do pâncreas, como por exemplo o tabagismo crónico, a obesidade, a pancreatite crónica – que normalmente está associada ao excesso de consumo de álcool e tabaco -, e também a predisposição genética. É uma doença silenciosa, sendo que, normalmente, os primeiros sintomas só surgem quando a doença já está num estado avançado. Os sintomas mais comuns são os seguintes: icterícia (amarelamentos da pele e dos olhos); dor abdominal ou nas costas; perda de apetite; emagrecimento repentino; náuseas; vómitos; aumento da vesícula biliar e do fígado; coágulos sanguíneos e; aparecimento de diabetes.

O centro Botton-Champalimaud, situado em Lisboa, pretende “fazer um triângulo entre a investigação, a clínica e o doente”, priorizando sempre o bem estar e o conforto dos doentes. Isso é visível através da comodidade que as instalações deste edifício apresentam. O objetivo é fazer com que com todo este conforto os doentes oncológicos se sintam acolhidos e seguros, ajudando-os a alcançar resistência física, mas também psicológica, para lidarem com a doença e todas as consequências que esta traz.

O edifício conta com 25 quartos de internamento e 15 de cuidados intensivos. Existem também 3 blocos operatórios com tecnologia avançada, onde há capacidade para operar cerca de 10 doentes por dia. Este centro conta ainda com 200 investigadores que terão acesso a dois laboratórios, um de ciência básica e outro destinado à manipulação celular.

A inauguração do Centro Botton-Champalimaud, contou com a presença dos Reis Espanhóis, Felipe IV e Letizia, e com as mais altas entidades do Estado Português, Marcelo Rebelo de Sousa, Eduardo Ferro Rodrigues e António Costa.

O presidente da república portuguesa condecorou Maurizio e Charlotte Botton com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito, pelo ato generoso que tiveram, mostrando-se sempre muito agradecido pela contribuição do casal espanhol. Marcelo Rebelo de Sousa e Filipe IV, durante os respetivos discursos de inauguração, sublinharam o “vínculo das pátrias” para o tratamento deste cancro.

Espera-se que estas instalações tragam esperança e que a ciência consiga encontrar tratamentos eficazes para ajudar os doentes a sobreviverem ao cancro do pâncreas.

Texto por Inês Ribeiro. Revisto por Inês Lopes e Maria Teresa Martins.