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Cultura

PORTO POST DOC: O AMOR REAL

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To Want, To Need, To Love – ou, no título original, Me Dasht’, Me Dasht’, Me Dasht’. Um documentário sobre um projeto de arte que decorreu em 2015 e que convidava os participantes a se expressarem artisticamente respondendo à pergunta “Em que acreditas?”. Trinta artistas a viajar por três países. Ilir Hasanaj, o diretor do documentário, esteve envolvido no projeto e foi convidado por um dos organizadores a fazer um filme sobre o processo. As gravações começaram em 2014, mas a obra só ficou pronto a três dias da estreia.

O título redireciona a nossa mente para o amor, um sentimento muito presente no documentário. Duas das três personagens principais, Edona e Arbër, acabam de sair de um relacionamento. No entanto, continuam claramente ligados um ao outro. Este documentário não transmite quaisquer expectativas irrealistas nem tenta criar um amor idílico. Na verdade, mostra apenas a verdade. Mostra a história de Edona e Arbër, que tentam trabalhar juntos, mesmo com os seus problemas.  Discute-se também a poligamia e a monogamia; o convencional e o  menos convencional colidem, e cada personagem traz perspetivas diferentes. Arbër diz que se sente limitado por ter de restringir o seu amor a apenas uma pessoa, por não poder beijar quem quiser. Edoan exprime através da sua arte os seus sentimentos em relação ao amor e a preferência pela monogamia.

Para além de Edona e Arbër, acompanhamos também Genc, o irmão mais novo do diretor. É um jovem introvertido, sem motivação para sequer sair de casa, que é arrastado para este projeto.

Ilir Hasanaj esteve no Cinema Trindade para falar um pouco sobre o documentário. Uma das primeiras perguntas feitas pelo público, como não podia deixar de ser, foi a que prevaleceu no filme: “What do you believe in?” (em português “Em que é que acreditas?”). Ilir explicou que as suas convicções mudam com o tempo, com as experiências que tem, mas uma coisa que nunca deixaria de acreditar era que o mais importante da vida “são as pessoas e as conexões que estabelecemos com elas”.

Referiu também, quando questionado sobre a representação do amor no filme, que este não era só sobre amor mas também sobre amor próprio, no caso de Genc. Ilir queria compreender o irmão, perceber a razão da sua falta de interesse pela vida e criar uma conexão com ele, mas como o próprio disse, “a família é complicada”. Durante o projeto, Genc conseguiu encontrar apoio noutras pessoas que não o irmão, e criar amizades que o ajudaram a acreditar em si.

Por fim, Ilir Hasanaj confessou que aceitou fazer To Want, To Need, To Love com uma condição: não podia ser sobre o projeto em si mas sobre as pessoas que fazem parte dele e que o tornaram real.