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Cultura

METAL É A PALAVRA DE ORDEM NO VAGOS

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Dia 1: O contágio de Soilwork e o regresso de Epica

No segundo fim-de-semana de Agosto, as atenções dos amantes de metal estiveram viradas para Vagos. De 8 a 10, o Vagos Open Air recebeu grandes nomes do metal, num festival com reputação já bem formada dentro e fora de Portugal. Este ano, e pela primeira vez, o festival durou 3 dias – e não apenas dois. Epica e Opeth voltaram para pisar um palco que já lhes é familiar.

O ambiente festivaleiro invadiu e rapidamente se espalhou pela vila e pelo recinto da Quinta do Ega. Não faltou boa disposição, boas conversas, muita expectativa e heavy metal. As ruas encheram-se de festivaleiros à procura de sombra ou um sítio para sentar. Cafés e esplanadas, jardins ou pequenos relvados, tudo foi aproveitado e invadido pelo espírito desta pequena comunidade que age como uma grande família.

Quem inaugurou o palco foram os Gates of Hell, seguidos dos Kandia. Duas bandas oriundas do Porto, com vontade de afirmar a qualidade da música que se faz em Portugal. Com um estilo influenciado pelo hardcore, os GOH trouxeram consigo o último álbum “Critical Obsession” e o público, ainda fresco, iniciou a ronda de circle pits e walls of death. Os Kandia foram recebidos por um público expectante e curioso face a um som rock mais pesado e melódico.

Quando chegou a vez de Sylosis, o pó invadiu o recinto do Vagos, acabando apenas com o fim da poderosa atuação da banda.

Os Soilwork entraram em força e puxaram pelos festivaleiros desde o início, ao mesmo tempo que os chuviscos caíam com a noite. O vocalista Björn comunicou bastante com o público, que respondeu a rigor a temas como “Sprectrum Of Eternity” e “Parasite Blues”, ambos do último álbum “The living infinite”. Para muitos, este foi um dos melhores concertos do dia.

Mais tarde entraram em palco os Epica. Ninguém ficou indiferente à banda que tem na frente a mulher de longos cabelos ruivo. Foi impossível não reparar na presença da vocalista holandesa Simone Simons e no seu porte majestoso. Com uma voz de mezzosoprano a banda de metal sinfônico tocou singles como “Unchain Utopia” e “Storm the Sorrow”. Na despedida, partilharam que em Novembro estará de volta ao nosso país.

Entretanto, no recinto já mais completo, esperava-se pelos alemães Kreator para fechar a noite. Os fãs, neste momento já aquecidos, descarregaram toda a energia nos êxitos desta banda de trash metal. O grupo confessou que espera voltar em breve a Portugal – a última vez foi em 2012 no Rock in Rio Lisboa – e que foi “uma experiência mágica”, agradecendo a todos por os terem feito sentir-se em casa. O concerto acabou com um riff prolongado naquilo que foram quase 2 horas de atuação. O espetáculo visual ficou completo com o lançamento de confetis e de nuvens de fumo,

 

Dia 2: o esperado de Behemoth, a surpresa de Annihilator

No segundo dia de festival, quem abriu a noite foram os portugueses Requiem Laus. À banda de death/doom metal, que conta já com 22 anos de existência, juntaram-se os espanhóis Angelus Apatrida. Este é um projeto em constante crescimento e que, tal como a maior parte das bandas de abertura do Vagos, ganhará com isso uma maior projeção. As duas bandas aqueceram o público presente que insistiu nos mosh pits e outros movimentos característicos do metal. Logo a seguir entraram os vizinhos The Haunted (com 3 membros dos antigos At The Gates). A banda de Gotemburgo fez abanar as cabeças presentes ao som de “99”.

Behemoth foi um dos concertos mais esperados do segundo dia do festival e não desiludiu. Os polacos usaram e abusaram do death/black metal e mostraram o quanto são influentes entre a audiência. A atmosfera adensou-se. Ao longo de 10 álbuns, a banda foi-se consolidando e ganhando o respeito de muitos com o seu som ligeiramente diferente por influência do metal oriental. Na audiência os comentários que se ouviam foram positivos e mostraram aprovação geral.

Logo de seguida, os Annihilator foram a supresa da noite. Os canadianos têm um número de vendas recorde e conquistaram mais uma legião de seguidores com a actuação no festival. A banda com dois vocalistas foi fervorosamente acompanhada pelo público na música “No Way Out”, bem ao estilo de Jeff Waters e Dave Padden, os quais se mostraram bastante expressivos e enérgicos.

O dia 9 ficou marcado pela maior afluência de pessoas e os Opeth foram a grande razão para isso. Concentram apoiantes diversificados graças à mistura de géneros musicais e ao gosto pela experimentação. O concerto começou com as conhecidas “The Devil’s Orchard” e “Heir Apparent” e continuou sob lua cheia. No entanto a banda sueca de metal progressivo não convenceu toda a gente com a sua actuação, deixando o público com opiniões divididas.

 

Dia 3: Chuva ao som de Paradise Lost e Gojira

No último dia, os Opus Diabolicum foram os convidados especiais. A banda, inspirada pelos Apocalyptica, é um tributo aos Moonspell, tendo lançado recentemente o seu primeiro álbum. Embora tenham existido alguns problemas técnicos e os músicos tenham sido obrigados a parar logo após a primeira música, o concerto continuou após a pausa e o público aplaudiu satisfeito. O final deu-se com um cover da música “Full moon madness” pertencente ao segundo albúm, de 1996, dos Moonspell.

Com uma audiência já a acusar o cansaço, os portugueses Murk apresentaram o seu repertório em inglês e português. Apesar de uma parte do público não os conhecer, os músicos já andam no terreno do metal há algum tempo.

The Quartet of Whoa! marcou pela diferença. A banda em ascensão, de um stoner rock intenso, passou um pouco despercebida para parte do público que permaneceu sentado no relvado enquanto o concerto decorria. Os Vita Imana rebentaram de agressividade e tornou-se impossível não reagir a tanta entrega por parte dos músicos espanhóis, cujo som é caracterizado como groove tribal metal.

Quase no fecho do festival, foi a vez da banda de gothic metal, Paradise Lost, cativar o público. A postura sóbria dos músicos talvez seja explicada pelo facto de a banda já ter conquistado uma sólida posição em cerca de 26 anos de percurso. Fator que se evidenciou pelo comprimento da fila para a sessão de autógrafos que a banda fez ainda antes de actuar, comprovando-se assim a notável quantidade de seguidores.

Para acabar a noite, os franceses Gojira estrearam-se em terras lusas e revelaram-se o ponto alto do último dia de festival. Com vontade de aproveitar as últimas horas, o público esteve imparável em frente ao palco. Headbanging, moshing, crowd surfing, com tudo a que há direito.

 

Numa entrevista ao JUP, Carlos Marreiros da Prime Artists, confessou que já estão em negociações com novas bandas, e fez um balanço bastante positivo desta recentemente acabada edição, afirmando que se superaram expectativas e todos os objetivos traçados pela organização. O Vagos Open Air conta já com 6 edições e juntou aproximadamente 16 mil pessoas no total dos 3 dias.

São cada vez mais aqueles que rumam a Aveiro nestes dias. Neste número, muitos foram os festivaleiros que vieram de França, Luxemburgo, Alemanha, Brasil, Austrália e Chile, mas é do país vizinho que chegaram em maior número, sendo isto reflexo da crescente internacionalização do festival.