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Cultura

Party Sleep Repeat: o aguardado regresso

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O Party Sleep Repeat (PSR) nasce em 2013 como o tributo a Luís Lima, um jovem sanjoanense vítima de cancro e um grande amante de música. A iniciativa de criar o festival parte dos pais e amigos de Luís, que tornaram esta bonita homenagem numa celebração da vida, da amizade e da música.

O evento tornou-se uma referência cultural na região e celebrou este ano o seu décimo aniversário. Desde a primeira edição, o festival tem um cariz solidário, sendo que uma parte da receita da bilheteira é doada à Liga Portuguesa Contra o Cancro e outra destinada ao apoio de famílias carenciadas.

Arianna Casellas y Kauê abriram o Party Sleep Repeat. Num concerto intimista, dentro do Centro de Arte da Oliva, os artistas apresentaram o seu projeto “Aguinaldos, Villancicos y Preságios”, realizado em residência artística em novembro de 2022. Neste projeto, Arianna e Kauê refletem sobre rituais e costumes em modo de canção. Após um início aconchegante, somos conduzidos para o Palco do Terraço, onde os Máquina iam começar.

Máquina vem de Lisboa com uma música difícil de classificar por palavras. Um rock psicadélico e hipnótico, com claras influências industriais, empurra todos os que assistem ao concerto a que dancem, transportando-nos para um rave clandestina, sem hora para terminar. No festival sanjoanense o grupo apresentou o seu primeiro álbum “Dirty Tracks for Clubbing” e, para além do som, a sua energia em palco deixou marca.

O tempo estava quente e o sol de fim de tarde aquecia-nos as costas. Após um breve intervalo encontrávamo-nos de novo no Palco do Terraço para assistir a Gala Drop.

É de salientar que música não era a única arte a absorver neste festival. Desde o início do evento até às 19h, todos os festivaleiros poderiam entrar gratuitamente no Centro de Arte da Oliva e visitar as exposições aí presentes. A multiculturalidade não se ficava por aí, para os mais destemidos estava também Caio, tatuador residente no Porto, a fazer flash tattoos.

Por volta das 19h, com alguns atrasos, era a vez de Kings of the Beach atuarem. Despedimo-nos do Palco do Terraço e descemos em direção ao Palco Alameda. A banda, vinda diretamente do país vizinho, já constrói carreira desde 2013, tendo partilhado o palco com bandas de renome como, por exemplo, IDLES. Com notórias influências de rock norte-americano, os Kings of the Beach tocaram temas do seu novo álbum “WOAH!”, mas também algumas das suas músicas mais icónicas, como é o caso de “Wasted/Young”. Após um concerto que não deu descanso ao público, mas nos deixou a implorar por um encore, seguiram-se o coletivo Yakuza e a banda Sunflowers.

Yakuza foi uma apreciada quebra no cenário musical. O trio lisboeta apresentou um som inovador, uma fusão de jazz com house que levou os presentes numa viagem sonora. Passado uma hora era tempo de abandonar a viagem que Yakuza nos proporcionou. Sunflowers, o último concerto do Palco Alameda, iam entrar.

Sunflowers já cá andam desde 2014, tendo partilhado palco com La Femme, Boogarins, Night Beats entre outros grandes artistas. Descrevem-se como uma banda disruptiva que veio para agitar a cena musical em Portugal. De facto, a banda agitou o Palco Alameda e a sua presença irreverente não passou despercebida.

Já o sol se tinha posto quando chegou a vez da música eletrónica subir ao palco. Moullinex e GPU Panic substituíram Xinobi Live que, por motivos de saúde, não conseguiu marcar presença. Esta atuação decorreu na Sala dos Fornos, num palco 360º em que o público circundava os músicos. Um espetáculo brilhante de luz e som que proporcionou a quem viu, a mistura perfeita entre momentos de dança e de contemplação.

A caminho da oitava hora de música, os pés e as costas já se manifestavam, mas estava David Bruno a subir ao palco. Acompanhado do seu célebre performer António Bandeiras e do seu guitarrista, carinhosamente apelidado de ‘Marquitos’, David Bruno de Gaia agitou até os mais batidos pelo cansaço. Ao longo do concerto tocou temas como ‘Inatel’, ‘Interveniente Acidental’ e ‘Festa da Espuma’, mas tivemos também direito a um competição de flexões entre o artista e António Bandeiras. David Bruno encantou os sanjoanenses não só pela performance, mas também pela referência aos ‘rissóis do costa’, uma das iguarias da terra.

Nem deu tempo para recuperar o fôlego e já os Linda Martini estavam no palco. É  a segunda vez que a banda pisa o palco do Party Sleep Repeat, a primeira foi em 2015, e segundo os próprios “foi um prazer estar de volta”.  As expectativas estavam elevadas e os Linda não desiludiram. Interpretaram temas como “Amor Combate”, “E Não Sobrou Ninguém”, bem como músicas do novo álbum ERRÔR.

Fogo Fogo seguiram-se a Linda Martini, não tendo ficado aquém. Provavelmente o concerto mais longo do evento, a banda de Lisboa incendiou o Palco da Sala dos Fornos. Uma mistura harmoniosa entre funaná, rock e afro funk pôs o público todo a mexer – acontecimento notável, porque já se contavam 11 horas seguidas de música.

Por fim, o PSR encerra com o DJ set de El Nando que se prolongou madrugada dentro. Com mais de 12 horas de música, saímos do recinto com o corpo exausto, mas repletos de concertos memoráveis que nos deixam a aguardar ansiosamente pela próxima edição.

Artigo escrito por Margarida Leite Gonçalves

Conteúdo multimédia por Inês Aleixo