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Educação

Daniel G. Oliveira e o Lúpus: “Estamos a entrar na era da personalização do tratamento e estou confiante num futuro ainda melhor”

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A Bolsa de Doutoramento Nuno Grande (BDNG), no valor de 25 mil euros, surge de uma iniciativa que reúne o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), a família do Professor Nuno Grande (seu fundador) e a Fundação Bial. O principal objetivo centra-se em apoiar trabalhos de investigação desenvolvidos por médicos que colaboram ativamente no Ensino Superior.

A primeira edição desta bolsa foi atribuída a Daniel G. Oliveira, médico especialista em medicina interna e estudante de 3º ano do Programa Doutoral em Ciência Biomédicas. Para o vencedor, este prémio “encoraja e valida uma série de opções de vida, algumas não tão fáceis de tomar”.

Acrescenta ainda que, de um ponto de vista institucional, “é um motivo de orgulho e de contentamento saber-me parte de uma Escola com vontade de se desenvolver e reinventar através de quem dela faz parte, mas mantendo-se sempre fiel à sua missão principal – o ensino e a investigação.”

“É um motivo de orgulho e de contentamento saber-me parte de uma Escola com vontade de se desenvolver e reinventar através de quem dela faz parte.”

A procura de soluções que ajudem na qualidade de vida dos pacientes com Lúpus Eritematoso Sistémico (LES) possibilitou a conquista de Daniel G. Oliveira, que caracteriza a doença como sendo um “camaleão”. O LES é “uma doença autoimune, ou seja, em que o sistema imunitário (“imune”) – que nos protege das infeções, por exemplo – se vira contra o próprio (“auto”) organismo de forma inapropriada”, explica.

Esta doença tanto pode afetar todo e qualquer sistema de órgãos do nosso corpo, como não o fazer de todo, e caracteriza-se por vários tipos de manifestações que não seguem exatamente um padrão. Tendo em conta a complexidade que a doença apresenta, ainda se verifica “em média, um atraso gigante no diagnóstico, de cerca de dois anos na Europa”.

Foto: Sérgio Vilela/ICBAS

A sensibilização do público para a existência do LES tem, assim, uma “importância [que] é enorme e a vários níveis”. Segundo o jovem vencedor, “toda a visibilidade é necessária”, pelo que espera que este prémio leve a que mais doentes e médicos aceitem participar na investigação, de modo a conseguir resultados cruciais para ajudar os doentes.  Essa “é a melhor recompensa” do reconhecimento, afirma.

A visão por parte dos doentes revela-se especialmente importante, uma vez que, apesar de estudar o Lúpus de perto, Daniel G. Oliveira, considera haver “uma dimensão da doença a que, mesmo depois de todos estes anos (e imagino que será sempre assim), só consigo chegar através daquilo que os meus doentes escolhem partilhar”.

“Toda a visibilidade é necessária.”

Por exemplo, um dos sintomas mais recorrentes dos doentes com LES e que acaba por ser difícil de medir é a fadiga. Para o vencedor, este é um ponto importante a ser abordado, uma vez que, “cultural e socialmente, ainda temos estigmas em falar sobre estas manifestações”, o que pode mesmo levar a que estejam “subdiagnosticadas”. Assim, reforça que quando se fala em fadiga “não é um “cansaço” de quem correu uma maratona (…). É uma sensação profunda, mediada pelo sistema imunitário, como se estivéssemos permanentemente infetados com um vírus, por exemplo.”

Esta complexidade de diagnóstico, comum a outras doenças imunológicas, acabou por despertar em Daniel G. Oliveira um maior interesse pelo estudo do Lúpus Eritematoso Sistémico, doença que afeta cerca de 10 mil pessoas em Portugal.  “Escolhi servir assim, usando um gosto pessoal em prol dos doentes.” Reflete também que os tratamentos estão cada vez mais avançados e confessa-se expectante: “Estamos a entrar na era da personalização do tratamento e estou confiante num futuro ainda melhor. É preciso divulgar esta esperança.”

“Escolhi servir assim, usando um gosto pessoal em prol dos doentes.”

Para o vencedor da Bolsa de Doutoramento Nuno Grande, esta é uma iniciativa que “representa uma corrente de mudança positiva”. Acredita que em Portugal ainda faltam oportunidades para “feedback positivo”, que permitam “aplaudir um trabalho bem feito, encorajar e facilitar as boas ideias”. Assim, destaca esta bolsa como “um desses exemplos de feedback positivo, pelo qual eu estou muito agradecido”.

Agora, seguem-se mais estudos e trabalho de investigação nesta área com o intuito de trazer até aos doentes de Lúpus Eritematoso Sistémico melhor qualidade de vida. “Espero que, através do nosso trabalho, possamos continuar esta cadeia e levar resultados até aos nossos doentes”, finaliza.

Pode acompanhar o desenvolvimento deste projeto nas redes sociais de Daniel G. Oliveira: Linkedin e Facebook.

 

Artigo escrito por: Maria Rego

Editado por: Inês Miranda