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Opinião

DISCIPLINA, SÓ DE CONSCIÊNCIA

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Após o Estado Novo, prenda envenenada da caótica I República, chegou até nós, embrulhadas em cravos, a liberdade e a democracia. O laço do embrulho foi o 25 de Abril de 74, mas só desembrulhamos o presente a 25 de Novembro de 74.

Liberdade, democracia.

Saliento estas duas palavras. Não raras vezes, vemos nos jornais, Tv´s, blog´s, redes sociais e outros ser afirmado que vivemos em liberdade, que não exercemos os nossos direitos cívicos, que muita gente morreu para que hoje pudéssemos falar e pensar livremente. Concordo.

Essa liberdade e democracia têm, segundo muitos, expoente máximo na Assembleia da República. A ironia. A Assembleia da República é a mesma que vive constantemente subjugada às ditaduras partidárias. Falo da disciplina de voto. Um dos maiores atentados à liberdade e à democracia.

A disciplina de voto obriga a que muitos deputados abandonem as suas convicções, sob pena de serem punidos em prol das convicções partidárias. Haverá maior subversão do que é liberdade e democracia?

O envolvimento social, o disponibilizar o nosso tempo, conhecimentos e convicções em prol da sociedade é sempre um ato louvável. Não será louvável é que abandonemos a nossa consciência para “obedecer” cegamente a uma entidade qualquer. Isso é abominável em democracia.

Pode em algum momento, numa sociedade democrática, a ideologia partidária sobrepor-se à consciência de quem vota ou ao bem superior daqueles que o deputado representa?

Arrepia-me que numa sociedade dita livre e democrática se anuncie que em determinada votação os deputados não vão estar sobre a disciplina de voto. Realmente é estranho este país e esta “democracia”, onde se anuncia que se vai fazer algo que seria normal e onde se torna normal viver numa anormalidade democrática.

A nossa consciência é aquela a quem devemos disciplina. Porque acima de tudo, somos o que vivenciamos, experienciamos e acreditamos e não aquilo que querem que pensemos e acreditemos.

Um bem-haja aos poucos deputados que conseguem compreender que nada nem ninguém merece que abandonemos a nossa consciência e convicções, porque, em última analise, é isso que significa liberdade e democracia.

“Senhor, falta cumprir-se Portugal” – Fernando Pessoa.

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