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Opinião

QUERIDA QUEIMA DAS FITAS

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Querida Queima das Fitas,

Passou mais um ano, passou a tua semana. Os estudantes adoram-te enquanto o resto da cidade fica meia chateada com o lixo que deixas, as ruas que cortas e o barulho que fazes. Ainda há outros que a ti são indiferentes. É nestes quais que eu me insiro. Já tinha ouvido falar de ti vagamente. Desde as histórias dos tempos da faculdade do meu pai até àquele espaço todo alcatroado contrastando do magnífico verde do parque da cidade, a que insistimos a chamar “ queimódromo”. Vê lá tu que nem o word reconhece como palavra! Quando finalmente te conheci, ao fim de tantos anos de espectativa, de ver trajados desmaiados na rotunda da anémona de manhã durante o caminho para a escola, admito que tive uma desilusão. Foi com pesar que me apercebi que o teu principal objectivo, para alguém que não anda na praxe, é ficar todo enfrascado. Vais-me perdoar mas, não posso. Não é que não quisesse beber uma cerveja ou outra mas, por questões de saúde, nem beber uma summersby que seja me é permitido. Quanto mais shots de vodka… Por isso, ali fiquei a olhar para as tuas criaturas, que já estavam mais para o outro lado do que para este enquanto dava música aos berros vinda de todo o lado. Verdade seja dita que nunca gostei de sair à noite. Vejo como os meus amigos se divertem nos instagram stories mas não consigo achar piada à ideia de sair do conforto do lar para um sítio com muita gente, com cheiro a tabaco a dar funk brasileiro e que tenho de gritar quando quero dizer alguma coisa. Talvez tenha mesmo de beber algo mais forte para gostar Chamem-me velha. Dou a mão à palmatória ,talvez seja um bocado. Mas, haverá algo de mal comigo? Serei uma estranha, uma anormal por não gostar de sair à noite nem da queima das fitas? Eu gosto de estar com os meus amigos mas, também gosto de ouvir o que eles estão a dizer! Terei mesmo de beber para me divertir durante a noite? Quer acredites ou não, estas questões incomodam-me de vez em quando. Porém, quanto mais segura de mim me vou tornando, mais confiante é que NÃO. Não se passa nada de mal comigo. Apenas não encontrei a minha gente. Por isso, querida Queima, eu não gosto de ti. Mas não me importo que existas. Aliás, a semana de férias até é bem-vinda. Cada uma faz o seu caminho. Tu a embebedar estudantes, e eu, a fazer carapins para os meus netinhos.

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